Queridos pais,
Os pais dizem que o Mundo AGORA está louco, que há um perigo ao virar de cada esquina, que o filho vai ser raptado, que pode cair, que se pode afogar, que pode escorregar, que pode morrer, que pode nunca mais voltar. E pode, efetivamente.
Mas até onde estamos a levar estas crenças? A um ponto de superproteção tal, que os pequenos ficam sem defesas algumas… e o mundo real nunca vai ser a asa dos seus pais… O mundo real só é compreendido no seu pleno quando é vivenciado na primeira pessoa, concorda?
. Qual o preço que as nossas crianças vão pagar?
. Qual é o nosso limite?
Vejamos o que acontece quando um pássaro de gaiola foge. O destino mais provável e imediato é morrer. Não sabe procurar comida, não sabe estar sozinho, não se sabe defender, não aprendeu sequer a voar.
Vale a pena pensar nisto à séria!
O mundo está louco sim. Sempre esteve. Sempre vai estar. E esta definição de “mundo louco” vai sempre ser diferente de pessoa para pessoa. Mesmo assim: dá medo? Muito. Mas protegê-los é desprotegê-los ainda mais.
Sabem porquê? Essa analogia do pássaro mostra bem o que acontece a uma criança que cresce no seio de uma família que a superprotege e que a impede de explorar o mundo de forma independente.
A criança superprotegida tem tendência a:
. ficar mais frágil emocionalmente, chorando com mais facilidade
. ter maior dificuldade em confiar e em relacionar-se com os outros
. doenças associadas à ansiedade e ao stress
. não ter uma boa imagem de si mesmo, achando-se incapaz de conseguir fazer sozinho
. não arriscar a brincar ou a explorar o meio
. viver com muitos medos
. sofrer de bullying, pelo facto de ser um “alvo” fácil: alguém frágil, com pouca confiança em si e com dificuldade em defender-se dos outros, mostrando medo.
Há tantas outras consequências deste comportamento.
Superproteger uma criança é deixá-la sem defesas, sem forças e sem espírito crítico. Desta forma, a criança acaba por sofrer de uma desproteção gigante. Em adulto, revela-se na dificuldade em fazer amigos, em construir família e em encontrar uma profissão em que seja bem sucedido, feliz de dentro para fora.
Assusta? A ideia não é ficarmos assustados, é refletirmos sobre isto de forma séria e o mais importante de tudo, seguirmos o nosso caminho de mãos dadas com os nossos filhos, procurando sempre melhorar as nossas e as suas vidas. E tudo isto começa em nós e na nossa consciência do tema.
Bem sei que é preciso coragem de os deixar ir um pouco mais além e explorarem. Mas também sei que serão capazes disso, por vocês e por eles.
Quantos erros não cometemos que os nossos pais tanto nos avisaram e não descansámos enquanto não o fizemos? Às vezes provamos que eles estão errados, outras vezes, confirmamos por nós mesmos que não passa de um erro. Mas faz parte… CRESCER É ISTO. VIVER É ISTO.
Força!
Estou aqui para vocês e falo-vos de coração, de mãe para pais, bem nos vossos olhos.
Desejo-vos o melhor do mundo e que sejam felizes em família,
Carolina Vale Quaresma