Não fumar, não comer fast-food, beber água, comer vegetais, não ingerir bebidas alcoólicas em demasia – eis alguns dos principais conselhos que ouvimos para que levemos um estilo de vida saudável. Ora, e se tudo isto é verdade, também é o facto de que nem sempre o equilíbrio é recomendado, pelo menos, no que toca a um hábito comum para muitas pessoas.
Falamos de beber álcool – não em demasia, não até ao ponto de não nos lembrarmos de algo no dia seguinte -, mas sim aquela bebida casual, aquele copo de vinho ao jantar, aquela cerveja ao final do dia. O álcool já foi diretamente associado a sete tipos de cancro – de garganta, esófago, boca, laringe, colorretal, fígado e mama. De acordo com a American Cancer Society (ACS), pode também contribuir para casos de cancro no pâncreas e estômago.
Segundo a Health, que citou um estudo publicado no jornal BMJ Open, a ingestão de álcool está associada a 5-11% dos casos de cancro da mama no Reino Unido e pode ser um fator de risco em qualquer faixa etária. Por sua vez, nos Estados Unidos, a ingestão de álcool surge associada a 16% dos casos de cancro da mama – o que equivale a aproximadamente 53 mil diagnósticos por ano. E muito poucas mulheres têm noção desta ligação.
A questão é – quanto mais álcool bebermos, maior será, claro, o risco. Ainda assim, basta um copo por dia para esse mesmo perigo aumentar. A ACS afirma que este tipo de bebidas pode aumentar os níveis de estrogénio, facilitando o surgimento do tumor mamário. E isto é ainda mais frequente em mulheres com deficiência de ácido fólico.
Um estudo publicado no início de 2019 revelou que beber uma garrafa de vinho por semana aumenta o risco de cancro na mesma medida que fumar 10 cigarros por semana. “Precisamos de uma mudança cultural. O álcool é, muitas vezes, usado como ferramenta para conseguir que as pessoas façam algo. ‘Venha à nossa angariação de fundos, Venha ao nosso casamento – temos bar aberto’. Temos de pensar se deveríamos usar o álcool como ferramenta para encorajar a participação. Não creio que devêssemos“, afirma Elizabeth Platz, editora chefe do jornal Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention.
E porque é que ainda não vemos o álcool como um inimigo tão grande quanto o tabaco? Ora, sobretudo, porque certas bebidas alcoólicas têm benefícios – por exemplo, sempre foram associadas a uma melhoria da função cardiovascular. E, por isto, as mensagens transmitidas ao público nunca foram tão fortes em relação ao álcool, como em relação ao tabaco. Mesmo que as evidências mostrem a ligação destas bebidas ao aparecimento da doença.