Muito se ouve falar acerca das propriedades e benefícios dos óleos essenciais à base de plantas: desde serem aliados contra as insónias, a melhorarem a sensação de bem-estar geral, tudo parece ser apelativo nestes produtos. Mas será bem assim? Apesar do cheiro agradável e dos possíveis benefícios, quando usados ocasionalmente, a verdade é que não há pesquisas suficientes a suportar os inúmeros elogios difundidos.
Os óleos essenciais não são regulados pela americana FDA (Food and Drug Administration), e isto significa, no fundo, que há poucas regras no que toca à sua produção e venda. Tendo isto em mente, é arriscado confiar totalmente em todo o marketing e publicidade que envolve este tipo de produtos. Nestes casos, há que experimentar – com conta, peso e medida – e perceber o que funciona connosco.
Os estudos já realizados baseiam-se em amostras pobres e são feitos em ratos e não humanos, de acordo com Gary Soffer, do Yale Cancer Center. E isto leva a uma clara conclusão: para podermos defender os alegados benfícios dos óleos, temos de ter (muito) mais do que resultados inconclusivos.
“O vasto uso dos óleos essenciais sem uma corpo de evidências substanciais a apoiá-lo é preocupante. Por norma, são seguros, mas é perigoso vê-los simplesmente como livres de riscos”, afirma o especialista.
Alguns especialistas suspeitam ainda que este tipo de produtos tenha um efeito placebo, já que um estudo por C. Estelle Campenni mostrou que a reação de um determinado grupo de pessoas a diferentes cheiros era mais suscetível à descrição que lhes era feita dos mesmos, do que aos próprios produtos. Por exemplo, se lhes dissessem que estavam a sentir um cheiro estimulante, o corpo reagia de acordo com a informação, e vice-versa.
“De entre várias condições, incluindo ansiedade, depressão e dor, quando as pessoas acreditam que algo é útil, por vezes sentem mesmo esse benefício. Quaisquer alegações de poderes de cura além do efeito placebo devem ser vistas com enorme ceticismo”, afirma Keith Humphreys, psiquiatra na Stanford Health Care.
E quanto a efeitos secundários? Por norma, os óleos essenciais são inofensivos, mas doses elevadas podem favorecer o desenvolvimento de tumores. Quando consumidos (e não inalados), podem provocar danos em órgãos como a pele, fígado ou rins. O uso exagerado da lavanda mostrou, por exemplo, poder causar desequilíbrios hormonais. Já para não falar que, quando são misturados outros ingredientes nos óleos, como químicos ou mesmo óleos vegetais, podem causar diversas reações no corpo, como irritação, comichão ou erupções cutâneas dolorosas.
É preciso também ter cuidado com o uso destes produtos quando se tomam certos medicamentos. Embora, uma vez mais, não haja provas suficientes a suportar a alegação de que estes possam interferir com a ação de algumas drogas, vários especialistas acreditam que tal seja uma realidade. A lavanda, por exemplo, pode afetar a ação de medicamentos anti-estrogénio, normalmente usados para tratar o cancro da mama.
No fundo – e perante a falta de certezas – o mais indicado é ter bom senso e conversar com o seu médico. Se perceber que certos óleos a ajudam em determinadas situações, poderá usar (mas nunca abusar) dos mesmos.