
Provavelmente conhece bem a sensação: está a meio de uma conversa ou atividade quando, de repente, sente que já fez aquilo — mas sabe que é impossível. Estamos a falar do déjà vu, locução francesa que significa “já visto“, que consiste na sensação transitória de se ter presenciado ou vivido algo totalmente idêntico em algum momento do passado.
“O déjà vu é uma falsa sensação de familiaridade”, diz a Dr.a. Jean Khoury, neurologista, à Cleveland Clinic. “O cérebro cria uma sensação de já termos vivido uma determinada situação, mas não conseguimos recuperá-la da memória ou identificar a situação real”.
A causa
Acredita-se que isto acontece devido a conexões disfuncionais entre as partes do cérebro que desempenham um papel na lembrança da memória e na familiaridade, acrescenta a especialista.
Os humanos têm dois lobos temporais, um de cada lado da cabeça, logo acima das têmporas, que desempenham um papel importante em ajudar a: lembrar de palavras e dos lugares onde estivemos; reconhecer pessoas; compreender a linguagem e interpretar as emoções dos outros.
Em cada lobo temporal existe um hipocampo, que contribui para muitas dessas funções e é responsável por armazenar as memórias de curto prazo. Ocasionalmente, como durante certos tipos de convulsões, o hipocampo e o tecido cerebral circundante podem ser ativados, desencadeando fenómenos como o déjà vu.
“Isso causa uma interrupção dos sistemas de memória de reconhecimento, o que dá uma falsa sensação de familiaridade”, explica a Dr. Khoury.
Um sintoma de algo mais?
Regra geral, esta experiência, que acontece com mais frequência entre os 15 e os 25 anos, diminuindo progressivamente com a idade, não deve fazer soar alarmes. Porém, se ocorrer constantemente, é boa ideia procurar um médico para fazer o despiste de potenciais problemas de saúde como, por exemplo, epilepsia do lobo temporal e demência frontotemporal.