O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é uma patologia que está a deixar a comunidade pediátrica em alerta. Isto devido ao número crescente de infeções, que já está a pressionar as urgência e internamentos da especialidade.
O VSR é um vírus responsável pela maioria das infeções do trato respiratório como, por exemplo, pneumonias e bronquiolites, em bebés. Estima-se que este inverno exista um aumento das infeções em crianças, principalmente devido à diminuição de anticorpos resultante das medidas de combate à pandemia da COVID-19, e consequente diminuição da exposição das crianças e mães (grávidas durante o período de confinamento).
De acordo com dados de 2018, este vírus contribui substancialmente para hospitalizações em crianças com menos de 5 anos, sendo que 93% das hospitalizações e 78% dos custos de hospitalização correspondem a crianças saudáveis. Além disso, provoca morbilidade acentuada nos mais novos, o que não acontece com o coronavírus, e por isso, representa uma preocupação acrescida em 2022. Eis tudo o que deve saber:
O que é o Virus Sincicial Respiratório?
O vírus sincicial respiratório (VSR) é uma causa importante de doença respiratória na criança, na maior parte dos casos, até aos 2 anos de idade. Representa uma das causas mais importantes de hospitalização por doença respiratória neste grupo etário. Ao contrário de uma simples constipação, o VSR causa uma infeção respiratória baixa designada por bronquiolite, que ocorre predominantemente entre outubro e março. Caracteriza-se, assim, como sendo um vírus sazonal.
A bronquiolite determina a obstrução dos pequenos brônquios (bronquíolos), o que leva a um bloqueio da saída do ar, provocando dificuldade respiratória. Esta infeção inicia-se, geralmente, como uma simples constipação caracterizada por sintomas como obstrução nasal, tosse ligeira e, por vezes, febre. Depois, segue-se a dificuldade respiratória e agravamento da tosse.
Com a evolução do quadro clínico, ficam evidentes os sinais de esforço respiratório, com retração entre as costelas e evidência de um ruído expiratório designado por sibilo. Este esforço pode condicionar a alimentação e ingestão de líquidos e, em casos de maior gravidade, uma baixa oxigenação, traduzida por tom arroxeado peribucal. A bronquiolite pode ser mais grave se se tratar de uma criança prematura, com doença crónica como por exemplo doença cardíaca, doença crónica pulmonar, ou deficit imunitário.
O que fazer quando ocorre uma bronquiolite?
Não há tratamento específico para a bronquiolite, uma vez que os antibióticos não estão indicados. No entanto, é importante aliviar os sintomas. Contamos com algumas medidas que podem ser aplicadas como a desobstrução nasal com soro e aspiração, controlo da febre e prevenção da desidratação com a ingestão de líquidos.
É muito importante estar alerta para os sinais de gravidade e, nestes casos, a orientação do pediatra é indispensável, dado que, por vezes, é necessário administrar medicação e oxigénio. Em casos de maior gravidade pode mesmo ser necessário recorrer ao suporte ventilatório.
O que se pode fazer para a prevenção?
Há perspetivas a curto prazo para podermos dispor de uma prevenção de forma generalizada. Atualmente essa prevenção é feita apenas a grupos muito restritos. Muito embora haja perspetivas num futuro próximo de novas terapêuticas preventivas, no presente é indispensável promover exaustivamente as medidas de prevenção que são comuns a todas as doenças respiratórias: lavagem das mãos antes de contactar a criança, evitar a proximidade com adultos com queixas respiratórias e evitar com estes a partilha de objetos.
A realidade que vivemos recentemente, tendo em conta o uso de máscara, o distanciamento social e as medidas de higienização nos infantários vieram reduzir a prevalência desta doença, contudo o relaxamento destas medidas e a retoma dos infantários levou, de novo, ao seu recrudescimento, pelo que é fundamental reforçar esta temática.
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