* A menina da recepção. Ponto 1: tem de ser loira. Ponto 2: tem de ter ‘disponível’ escrito na testa. Se for uma rapariga igual a todas as outras que têm a particularidade de estar no atendimento ao público, tratam-na como se fosse invisível. Se for loira e com ‘disponível’ escrito na testa, nenhum escapa aoseu fascínio. É um fascínio difícil de perceber para as outras mulheres: afinal, ela não é gira nem bem vestida, nem esperta, nem sequer simpática, nem sequer magra. E, no entanto, TODOS a adoram, do patrão ao estafeta, do intelectual ao outro menino da recepção. Adoram-na sem se darem conta disso, adoram-na inconscientemente, sem forças para resistir (e resistir para quê, pensariameles, se pensassem nisso) e um a um lá vão caindo alegremente na teia de pastilha elástica cor-de-rosa. É como se falasse uma língua de ultra-sons como os golfinhos, só perceptível pela camada masculina da população. * A cabeleireira de bairro . Claro que há cabeleireiras e cabeleireiras, há bairros e bairros. Mas há uma delas que até os convence a depilar o peito, se estiver para aí virada. Tem em comum com a menina de recepção as madeixas loiras (mais bem feitas) e aquele ar de quem ainda acha que os homens são o supra-sumo da Humanidade, apesar de serem as mulheres quem lhes paga. A cabeleireira, geralmente, é mais simpática do que a menina da recepção, que só é simpática para os homens. A cabeleireira é simpática para toda a gente, acha é que os homens mandam no mundo. É esta aura def ragilidade e de admiração que os fascina. É o último reduto ainda não invadido pelas teorias feministas que dizem que um homem também tem deveres e que uma mulher também tem direitos. A cabeleireira de bairro (tal como com a menina da recepção) nunca lhe vai exigir nada, nem que case com ela, nem que pague a mesada aos filhos, nem que ponha o lixo lá fora, nem que saiba discutir cinema francês. Acham eles, claro. Quando descobrem que as mulheres, como os homens, são todas iguais, pode ser tarde demais. * A ‘barmaid’ . É a ‘menina da recepção’ arraçada de bomba sexual, que lhes serve cocktails com nomes que eles não sabem dizer e passa um pano pelo balcão sem lhes dar cavaco, com os olhos e o cabelo pintados de azul-tutankamon. Eles acham que, como foi contratada para estar ao balcão de um bar ou de uma discoteca, é porque os outros homens também a acham gira, e se há coisa a que um homem não resiste é a uma mulher que outros homens acham gira. Esta não costuma ser simpática, aliás, quanto menos simpática for, mais lhes alimenta a paixão. . *A vocalista no grupo das festas de Verão . Pode ser feia como os trovões e cantar pior que o Zé Cabra, mas nunca subestimem o poder de uma mulher com um microfone na mão, principalmente se rodeada de outros homens. Também irresistívelé a bailarina que está lá atrás a girar e a dar à anca, com aquelas micro-saias de roda, muita maquilhagem e poucos anos, mas não se compara à mulher que segura o microfone. *A prima oferecida. É verdade que é um fetiche que tem o seu auge lá pelos 15 anos, mas prolonga-se, mais ou menos adormecido, mais ou menos activo,durante toda uma vida masculina. ‘Prima’ e ‘oferecida’ é uma combinação fatal. O lado ‘prima’ dá-lhe a segurança da família e a emoção de um quase-incesto,sem ser, de facto, incesto, mas o suficiente para não se esperar que casem comela. O lado ‘oferecida’, bem, o lado ‘oferecida’ não precisa de explicações. Curiosamente, a prima oferecida não tem que ser loira nem que ter madeixas. Só tem que ser prima e, bem, oferecida. * A imigrante de Leste. Desde os anos 90 que os sítios que promovem noivasrussas se têm espalhado pelo mundo inteiro, especialmente, por estranho que pareça, na América, e especialmente dedicados aos home ns que querem constituir família. A explicação que os sociólogos oferecem para o fascínio pelas russas vai muito para além do seu exotismo: são apresentadas como o último reduto da feminilidade, mulheres tradicionais, submissas e dedicadas à família, mulheres a quem Estaline e a Segunda Guerra roubaram 20 milhões de homens, cuja falta se sente até hoje. Na Rússia, afirma-se, uma mulher sente-se incompleta sem uma famíliae um homem é o seu prémio mais cobiçado. Ah, claro, e são loiras… . * A Sueca do Algarve . É uma versão da russa, mas sem o futuro familiar implicado, sem o sonho de alguém para lhe trazer as pantufas e o jornal, sem o exotismo, ou seja, não tem nada a ver além de ser loira. A sueca do Algarve é o fenómeno mais banal: uma edição limitada com sabor a vodka-limão, dura o tempo que duram as férias e, depois, vai à vidinha dela lá para Estocolmo e ele nunca mais pensa nela a não ser 20 anos mais tarde, quando a mulher lhe dá com os pés e acorda de noite a pensar “que será feito da, ai como é que ela se chamava, Karen?”. *A modelo escanzelada . Não importa que fiquem ridículos ao lado de uma mulher com mais meia perna do que eles, importa que todos os outros homens olham quando ela passa. *A mãe do melhor amigo . Claro que não é aquela mãe que faz pastéis de bacalhau e arroz de tomate, não é, nem a mãe que ralha e vai buscar à escola e proíbe de jogar mais ‘playstation’. É a mãe que vai ao cabeleireiro e pinta as unhas de cor-de-rosa e usa saltos altos que fazem barulho pelo corredor fora e quer ser a melhor amiga do filho. É a mais proibida nesta lista. Sonham com ela de noite com um sentimento de culpa que só lhe aumenta o encanto. * A mulher dos outros. Pode ter a cara do Incrível Hulk e o tamanho da orca do ‘Libertem Willy’. Não interessa. Desde que já esteja incluída em qualquer forma de comprometimento, é linda. Todos os homens são Maria-vai-com-as-outras em versão Manel, q uer dizer, adoram tudo aquilo que os outros também amam. Portanto, mulher que já teve a aprovação de outro macho é, logicamente, desejável.
Emoções
|As mulheres a que os homens não resistem
Até podemos ser uma delas, até podemos nunca ter dado por isso, mas a verdade é que há mesmo tipos universais de mulheres que os atraem. Conhece alguma?
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