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Relaxe: não é o responsável único pelo êxito e felicidade dos seus filhos. A família nuclear é uma invenção recente: durante grande parte da evolução, as crianças eram criadas pela comunidade.

Quais são as primeiras coisas que aprendemos? Não é qualquer coisa, nem ao acaso. Os bebés aprendem a detetar a regularidade ou raridade de determinado acontecimento, sabem relações de causa-efeito, percebem que os objetos continuam a existir mesmo que não se vejam, e organizam informação em categorias (por exemplo, se estiver habituado a ver só mulheres, olhará mais tempo para um rosto masculino). Sabem distinguir vozes e rostos. Sabem o que é um animal e o que é uma peça de mobília. E são estas as principais ferramentas com que vão crescer.

É importante falar ‘à bebé’ com um bebé: ninguém chega ao pé de um berço e atira em voz ressonante, “Então diga lá, Tiago Afonso, como é que lhe está a correr o dia?” Chilrear no tom mais agudo que consegue, a arrastar a fala, a marcar as vogais, e a falar… bem, à bebé, não é uma mania inútil. Muito antes de um bebé conseguir perceber uma palavra, consegue perceber um tom. Pode não entender o significado da palavra ‘amorzinho’, mas se o disser com a entoação certa, ele vai perceber… Além disso, os bebés são mais sensíveis aos sons agudos. E falamos mais devagar para que eles aprendam as palavras…

Nem todos os bebés aprendem tudo da mesma maneira. Por exemplo, nem todos passam pela fase do gatinhar (alguns porque a roupa não ajuda…) e aprendem a andar mais rapidamente se forem estimulados. Mas tal não é necessário: se o seu bebé começar a andar tarde, não se preocupe: os que andam cedo não ficam com mais aptidões motoras que os outros…

Os bebés imitam-nos, mas inteligentemente. Por exemplo, se um bebé de 14 meses vir uma pessoa bater com cabeça num candeeiro e este se acender, vai bater com a cabeça no candeeiro para ele acender. Mas se a pessoa bater com a cabeça no candeeiro com as mãos amarradas, a criança vai usar as mãos para acender o candeeiro, porque parte do princípio que a pessoa não as usou porque não podia…

Há diferenças entre um cérebro masculino e um feminino? Há, mas insignificantes. A maior diferença é precisamente a preferência por brinquedos ‘de género’, que têm quase de certeza uma base inata, embora também sejam influenciadas pela cultura. Curiosamente, as meninas vão-se flexibilizando. Aos cinco anos, quase metade escolhe um brinquedo típico de rapaz, se puderem escolher. Os rapazes, por outro lado, continuam a recusar brinquedos típicos de rapariga, provavelmente porque o castigo de agir como uma menina é pesado.

Farta de brincar ao ‘Cucu!’? Saiba que é uma aptidão importantíssima: assim, uma criança aprende a prever acontecimentos futuros, divertidos quando é uma mãe, potencialmente perigosos quando era um leão…

A adolescência é um tempo de risco porque o impulso de procurar sensações ganha força sem que a autorregulação tenha amadurecido. O amadurecimento tardio do córtex frontal leva a alterações na área do autodomínio, do planeamento, da resistência às tentações. Por isso, na adolescência o equilíbrio entre impulso e moderação é… complicado.

 E a culpa não é das hormonas: embora estas aumentem na adolescência, poucas provas há de que influenciem o comportamento de forma significativa. Uma dupla explosiva: quando às hormonas se junta uma fraca relação entre pais e filhos…

 Brincar é importante não só porque é divertido, mas porque é um treino. “Estamos programados para gostar de atividades que sejam úteis à nossa sobrevivência. Se estes comportamentos essenciais não fossem divertidos, poderíamos esquecer-nos de os ter, e depois a nossa vida não seria tão boa. A brincadeira tem um propósito de adaptação e dá vantagem em termos de sobrevivência.” E preste atenção à forma como o seu filho brinca: a brincadeira também é um ensaio de relações sociais, e uma criança que brinca mal e se dá mal com as outras poderá vir a ter disfunções em adulta. 

82% das crianças com 12 anos têm vida online. “O cérebro da criança está programado para procurar e prestar atenção a novas informações porque a sobrevivência dos nossos antepassados dependia muito da deteção de mudanças no ambiente. Mas o que acontece quando essa informação é obtida com demasiada facilidade? Ainda não se sabe…”

Ver televisão antes dos 2 anos não só não serve para nada como pode ser nocivo. Os bebés aprendem com as pessoas, não com as máquinas. Os bebés que passam mais tempo em frente de um ecrã sabem menos palavras. Portanto, não há nenhuma investigação que prove que ver televisão tenha algum efeito benéfico nos bebés. O cérebro das crianças é fortemente influenciado por interações com adultos interessados, e estas não podem ser substituídas por nada que apareça num ecrã. Depois dos 3 anos, já pode pô-lo a ver qualquer coisa, mas mesmo assim a relação com os outros continua o mais importante.

A internet pode reduzir a capacidade para a empatia.  Os adolescentes voltam-se para telemóveis e ecrãs, e perdem o contacto com as pessoas à sua volta. “As crianças que aprendem online o que são as interações sociais ficam privadas de uma variedade de dicas emocionais. “Ou seja, não sabem descodificar uma expressão ou dizer quando a outra pessoa não está a falar em sentido literal, por exemplo. 

A nossa personalidade é altamente genética: em caráter, as crianças parecem-se muito com os pais biológicos, mesmo as adotadas, e estas tendências tornam-se mais óbvias em adultos. Embora os pais não gostem de o admitir, as crianças são criadas diferentemente na mesma família, consoante o seu temperamento, e além disso o mesmo ambiente tem efeitos diferentes em pessoas diferentes. Mas o ambiente familiar influencia as crianças. Os pais frustrados tendem a reagir mal aos filhos, aumentando o comportamento agressivo da criança.

Maratonas de estudo não funcionam: o cérebro retém informação com mais facilidade se houver tempo para a processar entre sessões de treino. Duas sessões de estudo com tempo de intervalo podem resultar no dobro da aprendizagem do que uma longa sessão.

Temos poucas recordações da infância porque a memória infantil é muito instável e os bebés esquecem–se muito depressa. As informações são armazenadas, mas perdem-se no caminho para a idade adulta. Aos dois meses de idade, os bebés só recordam o dia que passou. Aos 21 meses, as crianças conseguem guardar memórias com 3 meses.

Se o seu filho pensa que a inteligência é uma característica fixa, portar-se-á de maneira menos inteligente. Se acreditar que com trabalho pode melhorar, terá êxito.

Estamos mais inteligentes: um rapaz médio em 1982 tinha 20 pontos a mais do que um homólogo da mesma idade na geração dos seus pais, em 1952. Mas desenvolver o QI leva muitos anos e não é uma razão para ter aulas extra de inglês ou música. Aprender música não vai tornar a criança extremamente inteligente, mas vai melhorar-lhe a disposição, a memória e a coordenação entre cérebro e mãos… e dar-lhe o prazer de saber tocar um instrumento.

O essencial para uma criança: pessoas que conversem com ela, exercício, e tempo ao ar livre. Banir a multimédia eletrónica não é realista, mas pode-se reduzir o impacto negativo, como dar tempo a outras atividades.

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