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Lembra-se da frase, não se lembra? Geralmente era gritada a plenos pulmões por um pai ou mãe cheios de uma indignação sentida: “Olha lá, ó – Marta, Sofia, João Paulo, – deves julgar que esta casa agora é um hotel, não?” A frase não passou de moda. “A mãe anda sempre a queixar-se que não paro em casa” é lamento comum a quase todos os adolescentes. Acabaram-se os dias em que ele ia sossegadinho para a avó, ficava no quarto depois do jantar a fazer os trabalhos e o exemplo de uma tarde bem-passada era ir ao cinema com os pais. Agora, vai da escola directamente para a natação, vem a casa o tempo suficiente para largar o saco, sai para jantar com os amigos, e dali segue para a festa de anos de um outro e, se for preciso, até fica em casa dele porque dá mais jeito voltar para casa de manhã. É normal que se tenha saudades de alguém que, enfim, fizesse mais companhia do que um ‘olá, vou jantar com o Rui e a Joana e devo chegar tarde’…
Devem ou não ficar em casa?
O problema não é típico de Portugal. Nos Estados Unidos, muitos pais se queixam da nova situação ‘hoteleira’, e é uma das queixas mais comuns do site www.parentingadolescents.com. “Não acho que os adolescentes ‘devam’ ficar em casa”, esclarece a psicóloga do site, Jean Walbridge. “Pelo contrário, os pais devem dar graças por terem filhos socialmente bem adaptados. Mas podem dizer-lhes que têm saudades de estar com eles, embora achem que é fantástico que tenham uma vida ocupada.”
Ou seja, é sempre possível chegar a um compromisso realista: peça-lhes para escolher uma noite por semana em que fiquem em casa, ou que jantem em casa todos os dias e saiam depois. Afinal, é importante que se permaneça uma família, e é importante estar com ele o tempo suficiente para saber o que se passa na sua vida.
“Uma das tarefas mais importantes para pais de adolescentes é perceber que deixámos de ser o centro da vida deles”, explica Jean. “Nunca subestime a influência materna, mas lembre-se que a autonomia é o dom mais precioso que uma mãe pode oferecer a um filho.” Afinal, é esse o objectivo da adolescência (e das mães…): a autonomia. Conclusão: permaneça presente para o que for preciso, mas perceba que eles precisam de pais que os autorizem a libertar-se.