"o meu chefe tratava-me como uma criança"




João Pedro, 40 anos, trabalhava no departamento técnico de uma empresa há sete e a sua relação com a direcção e colegas era excelente… mas tudo se alterou quando a chefia mudou. "Implementaram um novo sistema de avaliação de desempenho que originou resultados controversos e com os quais ninguém concordava. Assim como uma nova forma de trabalhar, contrária à que vigorara até então e que sempre tinha reflectido bons resultados", conta. "Paralelamente a isto, o trato para connosco não era o mais correcto, uma vez que nos tratavam autenticamente como crianças. E, confesso, tinha dificuldade em suportar o facto de me tratarem como um miúdo de 15 anos! Estava habituado a ter uma palavra a dizer sobre o desenvolvimento dos projectos do departamento e a partir de determinada altura deixaram de me ouvir, limitaram-me. Quando confrontava a chefia com questões concretas, e incómodas, sentia que falava para uma parede", explica. As incompatibilidades instalaram-se e decorreu um acumular de situações que resultaram na demissão de João Pedro. "Simplesmente deixei de me identificar", confessa.





Não reaja de forma emocional





Para Inês Madureira, psicóloga clínica no British Hospital Lisbon XXI, "em situações de conflito com a chefia, é prioritário o funcionário analisar e tentar compreender que comportamentos originam incompatibilidades com a chefia, uma vez que percebendo quais os temas que podem espoletar discussões ou confrontos, será conveniente evitá-los o mais possível". A psicóloga acrescenta ainda que será benéfico manter contactos meramente profissionais e tentar ser ágil nos assuntos de conversa. "É importante manter o controlo de forma a não reagir de forma emocional", explica. Nestas situações, sugere que se mantenha o cumprimento rigoroso de funções, assumindo sempre uma postura profissional", sugere.



Mais tarde, já a trabalhar noutro projecto, João Pedro foi surpreendido pelo anterior director com uma nova proposta (irrecusável) para regressar, desta vez para um cargo de chefia. "Passados dois anos posso dizer que tudo melhorou, sou novamente respeitado e ouvido na estratégia da empresa. Hoje, sinto que faço parte de algo!"





"Apaixonei-me por um colega"





Quantas de nós conhecemos casais que iniciaram a relação no local de trabalho? Conheceram-se. Identificaram-se. Apaixonaram–se. "Apesar de ser comum, ter uma relação amorosa com alguém do trabalho é complicado. Não é errado ceder a este tipo de tentação, mas pode ser errada a forma como se vivem estes desejos no trabalho", alerta a psicóloga.

A história de Mónica, 28 anos, é um exemplo recente. "Um dia, num almoço entre colegas, ele sentou-se ao meu lado e a conversa desenvolveu-se. Sentimos uma química imediata. Iniciámos um contacto mais directo e, a partir desse momento, a fase de sedução intensificou-se. Muitas vezes, usávamos o e-mail interno para falarmos, noutras ele ligava para a minha extensão e combinávamos tomar café dentro da empresa. Fora do trabalho falávamos pelo telemóvel e começámos a frequentar os mesmos sítios.



A relação desenvolveu-se no campo sexual. Nunca houve, no entanto, nenhum contacto físico dentro da empresa, nem sequer um beijo nos arredores do edifício. Receávamos que alguém nos visse e que isso pudesse comprometer o campo profissional. Evitávamos esse tipo de constrangimentos", diz.



"Claro que havia um clima no ar, e um dos administradores chegou mesmo a insinuar que sabia de alguma coisa…", acrescenta Mónica.



Existia um núcleo restrito de pessoas próximas que sabiam o que se passava. "Alguns incentivavam, outros alertavam para o distúrbio que uma ligação com um colega poderia trazer." A verdade é que a relação viria a acabar mal, por questões emocionais, e encarar diariamente alguém que nos magoou não é fácil. "Acabei por optar por outro caminho: mudar de emprego, mesmo para um pior. Na tentativa de lidar com a minha vida pessoal acabei por prejudicar a profissional", conclui.





Cuidado com a produtividade





"É fundamental não deixar que a produtividade seja afectada e manter uma conduta profissional sem comportamentos inadequados. Por vezes é difícil, uma vez que é frequente os envolvidos investirem tempo a inspeccionar os comportamentos do outro ou a namorar, através de e-mails, sms, etc…", explica Inês Madureira.



E nos casos em que a relação acaba, é indispensável compreender que o dia-a-dia na empresa não se altera, e se permanecerem no mesmo local de trabalho, os envolvidos devem manter uma relação cordial, não misturando os assuntos pessoais com os profissionais. "Se sentirem necessidade de falar, devem fazê-lo fora do trabalho", alerta a psicóloga Inês Madureira.





"ESTOU GRÁVIDA… E AGORA?"




Joana Salgueiro, 31 anos, era assessora de imprensa numa agência de comunicação e o seu primeiro contrato acabava de ser renovado. "Apesar de não lidar com uma directora fácil, a nossa relação era boa. A maior dificuldade prendia-se com o facto de estar numa equipa de pessoas que não me deram abertura para participar nos projectos, fazendo-me sentir à margem." Mas o pior estava por acontecer. "A determinada altura, uma das minhas colegas engravidou e notei algumas observações maliciosas, por parte da directora quando ela ia a consultas, e durante a licença de maternidade e horário de amamentação. Muitas vezes dizia em jeito de brincadeira que se mais alguém engravidasse era despedida. Uma observação, geralmente acompanhada de risos", lembra.



A verdade é que algum tempo depois, Joana engravidou e não tardou a imaginar que poderia suceder-se o mesmo com ela. Mas só depois de ter estado três dias doente, e de ter apresentado a baixa que justificava a sua ausência, é que comunicou à direcção que estava grávida. "No fim desse mês não se coibiram em descontar-me os dias que faltei. Foi apenas uma amostra daquilo que viria a acontecer-me." Continuou a trabalhar e a cumprir com as suas funções, mas aos cinco meses de gestação teve um problema no colo do útero e arriscava um aborto espontâneo. "Meti baixa novamente. Passados dois meses, recebi, em casa, uma carta da empresa a informar da não renovação de contrato. Não posso dizer que tenha ficado surpreendida, na realidade, já estava à espera. Fui informar-me se era uma atitude legal e informaram-me que sim, pois o motivo reclamado foi a extinção do posto de trabalho. Caso contrário, teria denunciado o sucedido", diz.





Denuncie se for ilegal





No parecer da advogada Patrícia Silva, denunciar (ou não) este tipo de situações trata-se de "uma decisão pessoal, mas que, e em casos ilegais, é importante fazê-lo para combater uma situação lamentável que ainda acontece em pleno séc. XXI". Refere que, numa situação de despedimento ilícito, a funcionária poderá dirigir-se à CITE (Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego). Para Inês Madureira, viver um processo destes é doloroso. "Mas é fundamental manter o optimismo de forma a ganhar forças para refazer a vida profissional." Acrescenta, ainda, que é bom pensar que "a profissão não é a única fonte de realização pessoal, uma vez que o emprego não é tudo na vida. Há outras áreas das quais podemos retirar satisfação".

** Este artigo foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortogra´fico **

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