Depois de guiar os leitores com a ‘Bússola para Navegadores Emocionais’ (2008), explicar a ‘Inocência Radical’ (2009), fazer ‘Uma Mochila para o Universo’ (2012) e pôr ‘O Mundo nas Suas Mãos’ (2014), Elsa Punset ensina agora a arte de fazer grandes mudanças em passos mínimos com ‘O Livro das Pequenas Revoluções’ .
Editada pela Planeta, a obra é interativa e propõe uma jornada rumo ao autoconhecimento através de 250 exercícios práticos. Além disso, conta com imagens e frases inspiradoras, e é possível escrever nas suas páginas, tornando-a uma espécie de workshop para a mudança.
De passagem por Lisboa no âmbito da apresentação do livro, a jornalista, autora e especialista em inteligência emocional encontrou-se connosco no Hotel Flórida para falar sobre o poder (subestimado) da mente.
O que é o ‘O Livro das Pequenas Revoluções’?
Toda a gente encara a mudança com dificuldade. Todos gostaríamos de mudar coisas nas nossas vidas – mudar de país, as pessoas com quem trabalhamos, o nosso trabalho, a forma como reagimos às coisas – mas não sabemos como fazê-lo.
Este livro é quase como um workshop. É uma jornada pessoal e permite perceber que a mudança em passos pequenos é muitos mais fácil. Não é suposto lê-lo da primeira à última página. Podemos procurar aquilo de que precisamos, inventar outros rituais e adaptá-los às nossas necessidades – daí a possibilidade de escrever nas páginas.
Porquê pequenas revoluções?
Quando pensamos em mudança, pensamos em revoluções. E as revoluções são muito bruscas porque agitam tudo demasiado depressa. Esta seria a definição típica do conceito.
Eu queria pensar numa abordagem diferente, ou seja, numa mudança tão pequena que nem se dá por ela até estar completa. É a isso que chamo uma pequena revolução: passos muito pequenos a nível das habilidades sociais e emocionais, e dos hábitos, que resultam numa grande mudança geral.
Estamos a falar de um tipo de mudança que nos é desconhecido?
Nós estamos habituados à mudança em passos pequenos com o corpo físico. O século XX ensinou-nos que se cuidarmos do nosso corpo – se fizermos exercício, dormirmos bem e tivermos uma alimentação regrada – todos os dias, pouco a pouco, ele fica muito agradecido e a saúde melhora bastante. Ainda não aprendemos a fazer isso com a mente.
Diria que nós, enquanto sociedade, subestimamos o poder do cérebro?
Completamente. Não só o subestimamos como não o compreendemos. Isso acontece porque, durante séculos, transmitiram-nos que não podemos treinar a inteligência, a não ser certos aspetos da inteligência cognitiva como, por exemplo, as habilidades linguísticas e matemáticas.
Nas últimas duas décadas, mudámos completamente a forma de entender a inteligência graças à neurociência e à tecnologia, que permitiu ter acesso ao cérebro e perceber que ele é bastante flexível e que não distingue as emoções da racionalidade. Elas estão ligadas e temos de educar e entender as nossas emoções para mudar algo racional.
Qual é o impacto das emoções negativas nos nossos cérebros?
É muito forte porque se trata de um cérebro que está programado para a sobrevivência e não para a felicidade. Está programado pra detetar a negatividade e memorizá-la. É por isso que somos uma espécie que tende a ficar tão perturbada, stressada e triste, e a memorizar coisas penosas.
O que gostaria que os leitores sentissem ao terminar o livro?
Costumo dizer que não é um livro que se termina, é um livro que se tem. Quando as pessoas se familiarizarem com esta obra, gostaria que soubessem que podem enfrentar praticamente qualquer problema e que não somos passivos. Sim, porque tendemos a ser passivos com tudo o que diz respeito à saúde mental e emocional. Não entendemos o poder que há no simples ato de mudar a nossa perspetiva sobre algo. Portanto, espero que este livro dê esse poder às pessoas.