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Timor-Leste representa uma lufada de ar fresco num cenário de pandemia. O país do sudeste asiático teve o primeiro caso confirmado de coronavírus no passado dia 21 de março e, até agora, ainda não registou mortes entre os seus 1.3 milhões de habitantes. Atualmente, há 24 pessoas infetadas e duas recuperadas.
Yara Cambinda, 26, vive no país há um ano e trabalha como consultora legal num importante organismo independente. A jovem conta-nos que a resposta antecipada do governo e dos agentes de saúde pública ao surto pandémico foi essencial para que os timorenses ganhassem tempo. Um tempo precioso para conhecer melhor o ‘inimigo’ e para estudar as experiências de outros países, como a vizinha Indonésia, onde os números continuam a aumentar, para não cometer os mesmos erros.

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Que medidas de distanciamento social estão em vigor em Timor-Leste?
Antes da declaração do estado de emergência, a 28 de março, foram implementadas diversas medidas semelhantes às que estão em vigor noutros países como, por exemplo, a quarentena voluntária, o encerramento total ou parcial de estabelecimentos, e a sinalização da distância de segurança em alguns locais.
Consideras que tem sido feito um bom trabalho no combate ao surto pandémico?
Felizmente, o governo e os agentes da saúde pública responderam antecipadamente no combate à propagação do vírus, sensibilizando a população e implementando medidas de segurança. Fecharam as fronteiras cedo e estão a preparar as condições para combater o surto com antecedência, caso este se espalhe de uma forma descontrolada. Esse processo passa por organizar estruturas e alojamentos de quarentena, e pela angariação de equipamento médico.
Como é que os timorenses estão a encarar a situação?
O povo timorense, na sua maioria, é bastante religioso. Alguns obedecem às medidas e contribuem para um bom ambiente, mas outros acreditam somente (e cegamente) no poder de rituais para a “impedir” a entrada do vírus no país. Numa fase inicial, houve ainda quem se revoltasse contra os estrangeiros por achar que esta doença era culpa de qualquer pessoa que vinha de fora. A situação está dividida, mas penso que os sentimentos de união e de solidariedade entre as pessoas que trabalham na linha da frente do combate à pandemia e a restante população têm vindo a tornar-se mais fortes.
“EM CASA, DE CERTA FORMA, CONSIGO ORGANIZAR MELHOR O MEU HORÁRIO E APROVEITAR MAIS OS PEQUENOS MOMENTOS QUE TENHO LIVRES”.

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No teu caso, é possível estar em regime de teletrabalho?
Sim. Estou a trabalhar em casa e tem corrido bem, porque posso organizar o meu próprio horário, desde que tenha as tarefas feitas no final do dia. Só tenho de ir ao escritório esporadicamente, por razões específicas.
Como é ter de sair de casa em tempos de quarentena?
De momento, não há transportes públicos a circular, o que faz com que as ruas e estradas fiquem mais vazias. Todos os supermercados já implementaram medidas de segurança e, felizmente, em termos de abastecimento e do comportamento das pessoas, a situação é satisfatória. Não tem havido problemas nesse sentido.
Neste momento, do que mais sentes falta?
Tenho saudades das pessoas, do contacto físico, bem como da ausência dos sentimentos de medo e desconfiança no ar.
Que lição estás a aprender com o isolamento?
A quarentena serviu para ensinar diversas coisas. No meu caso, especificamente, a principal lição é gostar mais de mim.