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Mudar de hábitos não é fácil, mas uma das coisas boas do ser humano é a sua capacidade de adaptação. Uma das coisas urgentes a fazer é alterar um pouco a nossa alimentação e a forma como consumimos, isto para não sobrecarregar o planeta e hipotecar a saúde dos nossos filhos. O mais difícil é começar, mas aos poucos chegaremos aos nossos objetivos – não tente mudar muita coisa, será contraproducente e mais uma acha na fogueira da nossa já muita ansiedade diária. Comece com um ponto de cada vez e vá aumentando à medida que esses gestos se tornem automáticos.
 Se pensarmos bem, a área de superfície terrestre é a mesma mas a população humana tem crescido exponencialmente. Se agora somos 7 mil milhões, em 2050 calcula-se que sejamos 10 mil milhões… e a Terra não se expande.

A desflorestação cresce a um ritmo alucinante, pratica-se agricultura superintensiva, rega-se com um bem cada vez mais escasso, enche-se os campos de químicos para se produzir mais e mais depressa até os solos ficarem inférteis… e devastamos mais áreas florestais iniciando-se novos ciclos destrutivos. Não são boas notícias, mas não podemos dourar a pílula. No entanto, há soluções à vista, basta que para isso nos comprometamos a mudar ligeiramente os nossos (maus) hábitos. E o que se sugere a seguir está longe de ser radical. Até podemos parafrasear o primeiro homem na Lua ‘Um pequeno passo para o Homem, um salto gigantesco para a Humanidade’.

1. Comer menos carne

Sobretudo carne vermelha e processada (salsichas e afins). O ideal era mesmo eliminá-la da sua alimentação, mas se diminuir 2-3 refeições de carne por semana é já uma diferença enorme. Além da carne vermelha não ser saudável – o Fundo Mundial para a Pesquisa do Cancro aconselha no máximo 300g por semana – a produção animal é altamente poluente. Todos os anos, matam-se 65 mil milhões de animais para alimentação. A produção animal exerce uma pressão enorme sobre os recursos do planeta, não só a maior parte dos terrenos agrícolas mundiais são utilizados para criar estes animais, como todos os anos se destroem florestas e habitats para mais terrenos de pasto. Veja-se o que está a acontecer na Amazónia, por exemplo.

Para além disso, o gado emite uma quantidade enorme de gases que são causadores do efeito estufa, e os recursos hídricos empregues nesta indústria são desmedidos: para cuidar de todos estes animais gasta-se cerca de 10% da água potável que toda população mundial gasta num ano. Lembre-se que a água é um bem precioso, limitado e escasso, só 3% da água na Terra é potável. 


Fazer uma alimentação à base de vegetais é muito mais amiga do ambiente e saudável. Experimente refeições vegetarianas um dia por semana, comendo porções menores de carne nos outros (o equivalente à palma da sua mão é suficiente) e vá aumentando o número dos dias sem carne ao longo do tempo. Se todos fizéssemos refeições vegetarianas 3 dias por semana já seria uma conquista colossal. Para ajudar na tarefa basta perder-se um pouco na net ou no Instagram para chegar a milhares de receitas vegetarianas de encher o olho.


2. Usar água com parcimónia
A água não é um alimento, mas precisamos dela para sobreviver, e como dissemos atrás é um bem escasso e devemos evitar desperdiçá-lo, em duches muito demorados por exemplo. Um chuveiro com jato forte gasta 17 litros de água por minuto, o que quer dizer que em 8 minutos gasta tanta água como um banho de imersão. Escolha uma música que goste com a duração de aproximadamente 3 minutos e tome um duche nesse espaço de tempo. Já agora, até a água sair quente devia aproveitar e encher um balde para mais tarde usar na sanita, por exemplo. Por outro lado, se fica chocada com a quantidade de lixo que vai parar às praias (e a todo o lado, sinceramente) evite a todo o custo comprar garrafas de água. Não só poupa dinheiro como diminui a poluição, bastando só para isso beber água da torneira numa garrafa reutilizável.

3. Desperdiçar menos alimentos
Pense duas vezes antes de atirar os restos fora (há sempre forma de dar uma segunda vida saborosa àquele resto de peixe cozido com batatas e legumes sensaborão) e sobretudo nas compras da semana. Uma boa maneira de isso não acontecer é planear as refeições antes de ir às compras, para não trazer grandes quantidades de produtos perecíveis.

4. Eliminar o óleo de palma
É impressionante a quantidade de alimentos processados que têm na sua composição óleo de palma. Faça um exercício: verifique o rótulo da embalagem de vários produtos que tem em casa e ponha de parte apenas aquelas que na sua composição não têm óleo de palma (ou ‘óleo vegetal’). Vai ver que são poucas ou nenhumas. Em todo o mundo, as florestas tropicais estão a ser devastadas e queimadas para dar lugar a vastas plantações para óleo de palma, um produto que não é só utilizado na alimentação como em produtos cosméticos, de limpeza e até combustível. Vemos isso em larga escala no sudeste asiático, onde se tem dizimado milhares de quilómetros quadrados de floresta e feito desaparecer flora e fauna drasticamente, mutilando e levando quase ao ponto de extinção animais como o orangotango, o elefante pigmeu de Bornéu e o tigre de Sumatra. É uma catástrofe ambiental que se agrava de dia para dia, e à qual é absolutamente necessário pôr um ponto final. E para isso temos de fazer um esforço para deixar de consumir esses produtos processados que ainda por cima são paupérrimos para a saúde. Descasque mais e desembale menos.

5. Preferir produtos locais
Não só ajuda os agricultores nacionais como está a diminuir a pegada de carbono (um índice que mede o impacto das atividades do homem sobre a Natureza, a partir da quantidade de dióxido de carbono que elas emitem). Lembre-se também que os alimentos frescos são mais ricos em nutrientes e saborosos. Comprar fruta ou legumes que vêm da África do Sul, Argentina, Peru ou Nova Zelândia não faz sentido, já pensou na quantidade de combustíveis fósseis que foram consumidos só para fazerem a viagem? E como muitas vezes são colhidos antes de terem amadurecido, têm muito pouco sabor. Prove esses produtos quando visitar os países de origem. Procure os mercados da sua zona e estabeleça uma relação de confiança com os produtores locais e vai muito mais bem servida.

6. O sabor da estação é sempre o melhor
Alimentos sazonais são mais frescos, saborosos e nutritivos do que alimentos consumidos fora da estação. Consumir alimentos fora de época significa que estamos a contribuir para uma agricultura intensiva que desgasta os recursos do solo. Se adora morangos e lhe custa prescindir deles no inverno, compre-os na época deles (ver o calendário sazonal de frutas e legumes no site da Deco), congele ou faça compotas e surpreenda a mãe ou avó com um delicioso presente.

7. Selecionar o peixe com consciência
No site da WWF, no Guia do Pescado podemos ler que consumimos em média 20kg de peixe por ano, o dobro de há 50 anos. A sobrepesca está a deixar os oceanos vazios. Já imaginou que pode chegar o dia em que não poderá comer um belo peixe grelhado? E não é num futuro longínquo, é no nosso tempo de vida. Segundo os dados daquela associação, 31% dos stocks mundiais de peixe estão sobreexplorados, sendo que no Mediterrâneo essa percentagem sobe para uns assustadores 93%. Como sabemos, a população mundial está a crescer, daí que mudar um pouco o nosso comportamento e aumentar a nossa exigência com a origem do peixe e a forma como é pescado é fundamental. Na hora de comprar peixe procure sempre os símbolos ASC (para peixe de aquacultura) e MSC (para peixe selvagem) para certificação de pesca sustentável. Pode também pesquisar aqui e fica a saber que peixe não deve consumir (caso o seu stock esteja em perigo), além de aqui também ter várias receitas deliciosas de peixe certificado da autoria de chefs conhecidos.

8. Comprar a granel
Evite a todo o custo comprar alimentos embalados em plástico, película aderente ou esferovite. Este último, segundo lemos no site do Parlamento Europeu, tem na sua composição química um componente – estireno – associado a doenças graves, nomeadamente cancro. Para além disto, há que relembrar que estas embalagens não são recicláveis, e o que muitas vezes acontece é irem parar ao mar, onde se vão degradando muuuito lentamente e sendo confundidos com alimento pelos peixes, que ou morrem com o estômago cheio de plástico ou são pescados e vêm parar ao nosso prato cheio de microplásticos. Antes de ir às compras, muna-se de sacos de pano ou de papel (felizmente já há supermercados com essa opção). Pode ir ainda mais longe e enviar um email para a marca ou loja a chamar a atenção para a quantidade de plástico desnecessária que existe no embalamento dos produtos alimentícios. Se as marcas começarem a receber dezenas de emails todas as semanas, garantimos que vão mudar mais depressa. Os consumidores têm muito mais poder do que pensam.

9. Saber que saudável nem sempre é sinónimo de sustentável
Alimentos que são produzidos de acordo com os preceitos da agricultura biológica (que utiliza muito poucos produtos químicos, não desperdiça água, conserva a biodiversidade e o equilíbrio dos solos) são mais sustentáveis e saudáveis. Mas é muito importante não se esquecer de juntar esta regra a outras duas: comprar produtos locais e sazonais. Se comprar peras biológicas francesas, quinoa do Peru ou abacate mexicano contribui para uma menor sustentabilidade do planeta. O que eles andaram para aqui chegar! Se consome ‘leite’ vegetal, parabéns, tem menor impacto ambiental que o de origem animal mas nem todos os ‘leites’ vegetais são iguais. No topo da corrida do mais sustentável está o de aveia, em último, o de amêndoa.

10. Começar a sua própria horta
Tem um quintal? Excelente! Uma varanda? Ótimo! Mesmo um cantinho junto à janela é bom para cultivar qualquer coisa de raiz, literalmente. Ver crescer uma semente plantada por nós, regar e cuidar dela, perceber o trabalho que dá e a sua fragilidade faz com que demos mais importância ao que comemos. Que tal pesquisar se no seu município há uma horta comunitária na qual possa participar?


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