Não tenho qualquer direito a escrever sobre o Pedro. Nem mesmo enquanto conhecido. Ele foi um dos primeiros. Estava eu a começar, tímido e fechado na minha bolha, quando me disseram que o ia vestir.
Recebeu-me de braços abertos, de sorriso na cara e com um “Acertaste à primeira, rapaz”.

Profissionalmente, foi o nosso primeiro e último encontro. Depois disso, cruzámo-nos algumas vezes, e eu fui sempre “o rapaz” que merecia um “Olá” ou um “Estás a crescer”. Creio que nunca tenha sabido o meu nome.
Mas lembrava-se de mim, e ser “o rapaz” chega-me. Mas não é sobre o Pedro que quero falar. Pois como disse, não está em mim qualquer direito de o poder fazer.

Quero escrever-vos sobre esta “coisa” que se chama saúde mental, que me é tão próxima quanto a moda – ou, quiçá, mais. A saúde mental não se vê. Sente-se. Não pode ser medida e tão pouco serve de moeda mais ou menos válida entre pessoas. Não há duelos dolorosos. Não há a quem doa mais. Dói e ponto. E enquanto continuarmos a atirar a saúde mental para debaixo do tapete, notícias como esta vão continuar a inundar noticiários, redes sociais e jornais.

A cura (ou tentativa de) para a saúde mental está na prevenção. Está no, não ter de ser de se pagar 50 euros para ser ouvido por um psicólogo ou 60 euros por um psiquiatra. Porque quando tentamos recorrer ao serviço público, temos de esperar dias, semanas, meses… Quando queríamos e precisávamos de ser ouvidos ontem. Está no pedir ajuda.

Enquanto nos próprios hospitais a saúde mental for desvalorizada, e seja merecedora de uma bonita pulseira verde (no máximo amarela, quando já reviramos os olhos), este efeito de bola de neve não vai parar.
Psico patologias sempre existiram. Têm agora nomes diversos e são contempladas nos mais diversos manuais.

Diz o meu atestado clínico que sofro de (e vivo com) Perturbação de Pânico com aplicação dolorosa e dor crónica. Mas, meus caros, de que me serve um nome pomposo na testa se aos olhos do serviço nacional de saúde o meu problema é secundário?! Porque não se vê? Porque não verte sangue ou não me deixa manco?

É serviço público ajudarmos aqueles que vemos debilitados. Porque dificilmente vão ser eles a dar o primeiro passo. E não me venham com a “treta” do “mas a vida é del@, eu não me posso meter”. Porque depois choramos em uníssono as mortes que não tendem a parar.

Bem sei que este artigo não é sobre moda. Que fui além daquilo que semanalmente me é pedido.
Mas sempre disse que, enquanto me sentisse capaz de, iria sempre tornar a minha voz ativa para todos os assuntos que acho merecedores de debate.

Aos do Pedro, um abraço.
Aos que sofrem em silêncio, não estão sozinhos.

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