O início de 2023 marcou uma nova etapa na história da Burel Factory com o lançamento da sua primeira colecção de moda, que se inspira na tradição e no património, e se concretiza em peças contemporâneas, muito portuguesas e totalmente sustentáveis.
A ideia
Nas palavras de Isabel Costa, Head of Brand da Burel Factory, a ideia para a este progresso na área da moda surgiu de uma necessidade: em 2021, adquiriram uma fábrica em insolvência na Covilhã, que precisava de pro-dução para manter a actividade. Ao mesmo tempo em que se fabricavam tecidos de confecção para outros clientes e se procuravam novos parceiros, surgiu a Isabel a ideia de profissionalizar a área da moda da Burel Factory, que ia dando a conhecer alguns artigos e acessórios (que sempre fizeram muito sucesso), mas de forma espontânea e sem uma estratégia detalhadamente delineada. Assim, o fluxo de produção aumentaria, e a fábrica poderia manter-se activa, garantindo postos de trabalho.
Isto garantiria ainda a continuação do trabalho de valorização da história e do património, um valor da Burel Factory desde o início. A promoção do tecido, da sua origem, ganharia uma audiência ainda maior, passaria a fazer parte da vida das pessoas, do seu dia-a-dia.
Para isso, seria necessário trazer conhecimento exterior, ideias novas, visões frescas sobre a Burel e a sua significância: Filipa Homem (Consultant Crea-tive Director & Head of Fashion Design), Mafalda Fialho (Fashion Designer) e Sara Lamúrias (Accessories Designer) e o mestre de fábrica José Luís Pi-nheiro são as responsáveis pela colecção; Ana Castanho chegaria para criar a estratégia e direcção criativa da comunicação. Em conjunto com a equipa residente da marca, começaram a desenhar aquilo que viria a ser a primeira colecção de moda. A inspiração só poderia residir em torno do vibrante património e cor que se preservam na fábrica e da montanha que a envolve.
A colecção
Uma visita à fábrica em Manteigas mudou tudo para Filipa e Mafalda. Os esquiços que já tinham criado para a colecção e as ideias que lhes ocupavam as mentes foram postas de lado, quando se depararam com o arquivo têxtil e de moda de que a fábrica dispõe, à mercê de ser consultado por qualquer visitante.
Dois dias de pesquisa depois estavam certas de que aquela teria de ser a origem da colecção, fazer história com base na história. Os padrões, as técnicas de confeção, a versatilidade da matéria-prima, a força da lã…. Tornava-se imperativo agregar tudo o que haviam descoberto e transmiti-lo num conjunto de roupas contemporâneo, mas singular, dependente da sua origem e que a espelhasse. Ta-bém o entorno contemplativo e clássico da região de Manteigas e o interior da fábrica, vibrante e agitado, viriam a ser inspirações principais, daí termos na colecção que se divide em dois ambientes, um de peças mais coloridas e outro de cores mais naturais e ténues.
Os ensinamentos dos profissionais da fábrica revelar-se-iam valiosos e não havia como não aproveitar o conhecimento, a mestria e o rigor, passados de geração em geração, que desaguam na manualidade inerente ao processo de dar vida a um tecido tão português e único — os teares de 1870 continuam a operar, e essa antiguidade faz parte da identidade do que de lá sai.
Desenvolveram-se os tecidos, desenharam-se os modelos (alguns são testes, até em termos de produção, tentativas nunca antes feitas), desafiaram-se padrões de produção, trabalharam-se novas grama-gens, variações e misturas… Enquanto matéria-prima de moda, o burel é desafiante, mas revelou-se também versátil, combinável com outras matérias-primas (como lanifícios, fazendas, flanelas), harmonioso tanto no vestuário como nos acessórios — que Sara Lamúrias desenvolveu em comunhão, paralelemente.
A enciclopédia da lã foi ganhando forma: a partir de matérias, padrões e termos técnicos de outros tempos, trouxe-se o burel a 2023, a um público plural e abrangente, numa inegável fusão de cronologias criativas. Cerca de 50 peças exclusivas (cada modelo tem apenas 100 unidades), intemporais, a partir de tecido que respira processos ancestrais e manualidade, com acabamentos trabalhados em fábricas nacionais. São roupas para durar, que mantêm vivos os tons e texturas naturais da serra e o espírito colorido e alegre dos materiais e métodos de produção tradicionais Burel Factory, integrados em designs contemporâneos, confortáveis, leves e práticos. No seu todo, Woolclopedia é uma colecção unissexo arrojada, 100% feita em Portugal, com fibras naturais, à venda nas lojas de Lisboa e Porto e, para o mundo no novo website www.burelfactory.com.
Espreite a coleção!
Fotos DR