Quero dizer-vos que o que me move é ajudar famílias a serem felizes. O que significa isto? Transformar famílias que sentem que ser mãe e pai está a ser difícil e que sentem que as expectativas que tinham antes de terem o bebé foram defraudadas e, por isso, a realidade que vivem é pesada, dura e, tantas vezes, desesperante.
Quero dizer-vos que o tal “manual de instruções” pode e deve sim estar nas vossas mãos. E que ele existe. Podem confiar e libertar-se dessas emoções de culpa, de stress, de frustração. Estamos aqui juntos e o que desejo é que eu possa fazer diferença na vossa jornada enquanto pais. Contem comigo. #estamosjuntos.
Hoje falaremos aqui sobre a pandemia que tanto alterou as nossas rotinas e a nossa própria forma de estar. Ou melhor, falaremos sobre a pandemia e a forma como ela afetou as nossas crianças.
Há testemunhos de pais que dizem que os seus filhos ficaram mais ansiosos e que esta experiência acabou por fazer com que eles tenham desenvolvido comportamentos extremos em relação à realidade, como por exemplo: crianças que começaram a desinfectar e lavar as mãos de forma compulsiva; outros que se recusam a entrar em espaços fechados como, por exemplo, no restaurante ou até centros comerciais com ou sem máscara. Há também outros casos de crianças que agora se recusam a sair de casa.
O que falamos aqui é, no geral, da palavra “medo”. Medo de contrair a doença, medo de morrer, medo da dor.
Aos pais que trabalham as suas famílias comigo, com frequência lhes pergunto: “O que é o contrário da vida’? A maior parte deles responde: a morte, certo? Foi também isso que pensou? O contrário de nascer é morrer, o contrário do nascimento é a morte. Mas o contrário da vida é o medo.
O medo é o que nos impede de viver. Faz sentido?
Então, seguimos esta lógica para falar destes casos e ajudar estas crianças, que muito naturalmente vão precisar da vossa ajuda, pais, nesta jornada para começarem a viver e se libertarem desse medo que, agora, de alguma forma, os impede de viver.
Aqui ficam 4 estratégias, que acredito que sejam fundamentais para que as crianças possam superar o medo que sentem em relação ao vírus:
– Assumir a emoção – medo: falar sobre o que está a acontecer com ela. Qual a emoção por detrás, o que ela sente. No fundo, o porquê da criança fazer o que faz.
– Ganhar consciência e refletir sobre o medo: a nossa missão é ajudar a criança ou até o jovem a ganhar consciência do porquê e se, efetivamente, há razões ou não para ter medo, ou seja, perceber se é um medo que faz sentido ou não.
– Fazer perguntas: “Filha, vamos pensar juntas? Se fores com máscara o que pode acontecer?”, “Se estás em casa e não tocas em nada de mais ninguém porque é preciso desinfetar as mãos?”. Fazer as perguntas certas ao invés de dizermos “Não podes estar sempre a desinfetar as mãos!”, é muito mais poderoso e produtivo.
– A nossa postura: ter atenção com aquilo que dizemos e fazemos quando falamos sobre o vírus. O que sentimos em relação a ele? Vivemos com medo de contrair a doença? Falamos demasiadas vezes do assunto? Tudo isso contribuirá para a falta de confiança e insegurança da criança.
Precisamos de uma vez por todas entender que aquilo que nós somos enquanto pessoas, agora também no papel de pais, influencia de forma brutal o comportamento dos nossos filhos e o “faz o que o que eu digo, não o que eu faço” não resulta, não resolve, não funciona.
Por isso, antes de aplicar estas 4 estratégias nos nossos filhos, pode valer muito a pena, começarmos por nós.
A família é uma rede invisível, quase como a fibra ótica, em que todos estão intimamente ligados e que, de forma muito poderosa, nos conectamos e absorvemos o que o outro sente e vive.
Obrigada por este bocadinho delicioso.
Sejam felizes em família,
Carolina Vale Quaresma
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