
O maior obstáculo à felicidade pode estar na nossa forma de pensar: focamo-nos nas nossas falhas, dividimos o mundo entre vencedores e vencidos e ignoramos o que é bom para nós. Bruce Hood, psicólogo britânico, professor de Psicologia do Desenvolvimento na Sociedade da Universidade de Bristol, em Inglaterra, decide, em 2018, criar o projeto-piloto/curso na sua instituição de ensino com alunos voluntários, a que se chamaria ‘A Ciência da Felicidade. Aquilo que percebeu ao longo de seis anos de pesquisas e de estudos fez com que decidisse escrever um livro – recentemente publicado em Portugal – no qual dá a conhecer quais os hábitos e atitudes que nos fazem sentir bem e felizes. Aqui ficam algumas ideias para tornar a vida mais leve.
Lição 1 – Alterar o ego
. Escreva um diário. O diário coloca as coisas em perspetiva e fornece um registo da nossa vida e da forma como esta vai mudando.
. Desencante cartas e diários antigos que estejam guardados. Estes registos não apenas nos recordam como o nosso ‘eu’ mudou, como provam que ultrapassámos a maioria dos problemas e das preocupações que nos costumavam perturbar.
. Adote uma perspetiva alocêntrica da próxima vez que houver um conflito. Tente adotar a perspetiva do outro em relação às situações. Em vez de dizer: ‘Não estás a perceber’, diga: ‘Não me estou a fazer compreender’. Isto fará diminuir os sentimentos negativos, mas também será mais suscetível de conduzir a uma resolução.
. Apoie e incentive os filhos, sem os dominar ou elogiar excessivamente os seus esforços.
. Desligue-se das emoções e dos pensamentos negativos, dizendo em voz alta: Não sou os meus sentimentos, as minhas emoções, o meu passado ou as minhas crenças’. Diga: ‘Sou alguém que tem sentimentos, crenças e emoções’. Esta mudança subtil na linguagem altera o ego.
Lição 2 – Evitar o isolamento
. Invista tempo a cultivar as relações. Contacte alguém com quem não fala há muito tempo para reavivar a amizade.
. Enquanto pais, incentivem as ligações sociais saudáveis entre os vossos filhos e os colegas através de atividades estruturadas.
. Pratique um ato aleatório de bondade.
. Tente concentrar-se num ato que seja uma forma de amplificar a experiência positiva.
. Tire férias das redes sociais (sem ser preciso um apagão).
Lição 3 – Rejeitar comparações negativas
. Escreva três coisas da sua vida pelas quais está grato.
. Procure saborear para combater a adaptação. Demore o tempo que for preciso e concentre-se no prazer que uma atividade lhe proporciona.
. Reconheça as vezes em que falhou na vida. Porém, reconheça também a forma como ultrapassou os contratempos.
. Não se esqueça que querer não é o mesmo que gostar.
. As escolhas poderão ser avassaladoras. Limite as suas escolhas e concentre-se nos benefícios da sua decisão final.
Lição 4 – Ser mais otimista
. Imagine o melhor futuro possível. Desligue-se da sua situação atual e imagine a situação ideal daqui a cinco anos. Escreva como seria essa situação.
. Lembre-se de que as notícias têm tendência a ser negativas.
. Persevere no perdão.
. Não julgue um livro pela capa. Sempre que estiver prestes a julgar alguém, pare para considerar as razões alternativas para as suas ações, em vez de tirar conclusões precipitadas.
. Pratique o otimismo aprendido.
Lição 5 – Controlar a atenção
. Esteja consciente da ruminação. Tome nota de quando a sua mente está a divagar e reconheça quando há uma tendência para pensamentos negativos. Se isso acontecer, tente distrair-se ou dedicar-se a uma atividade que exija concentração.
. Tente meditar com regularidade.
. Encontre o fluxo. Aceite os desafios ou passatempos que correspondam às suas competências. Experimente aqueles que o estimulam um pouco mais, pois é esta a forma de aprender e melhorar.
. Pratique o distanciamento. Utilize uma linguagem que não seja na primeira pessoa para introduzir uma distância psicológica entre si e os seus problemas.
Lição 6 – Ligar-se aos outros
. Participe em mais atividades que proporcionem oportunidades de sincronia. Em vez de ver sozinho um evento na televisão, convide amigos para o verem juntos.
. Guarde o smartphone durante as interações sociais.
. Pratique a escuta ativa. Preste atenção ao que a outra pessoa está a dizer. Fale menos e ouça mais. Faça perguntas interessantes e críticas construtivas.
. Aprenda a confiar nos outros. Comece por partilhar a sua própria vulnerabilidade.
. Inicie conversas com estranhos. Um bom ponto de partida é com as pessoas que trabalham no setor da hotelaria, tais como os empregados de mesa, em que é apropriado conversar. A melhor forma de começar é com conversa fiada. Poderá tentar fazer um elogio, se for caso disso. Se a pessoa não estiver disposta a conversar, não insista. Acima de tudo, tenha cuidado e não descure a segurança — é preferível falar com alguém novo num espaço público onde haja outras pessoas por perto.
Lição 7 – Sair de nós próprios
. Reaviva a curiosidade da infância. Faça mais perguntas ‘porquê’ e redescubra a alegria de aprender. Procure uma compreensão mais profunda do quotidiano.
. Dê passeios pelo bairro. Procure edifícios ou monumentos interessantes. Pense neles, em quem os construiu e em quem os habitou.
. Saia e olhe para o céu numa noite clara para ver as estrelas.
. Todas as semanas, dedique tempo a um passatempo que lhe proporcione alegria. Encontre outras pessoas que gostem da mesma atividade.
. Participe numa aula. Cantar é uma forma rápida de se sentir mais feliz e mais próximo dos outros. Se a música não for o seu forte, há outras aulas que poderão proporcionar um aumento de felicidade e uma sensação de maior ligação com os outros.
. Planeie uma atividade de grupo que seja agradável para os outros. Poderá ser a organização de um passeio ou uma refeição. Qualquer alegria será provavelmente amplificada se for feita com os outros e tornar-se-á mais popular junto dos outros se praticar atos altruístas.
