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O cancro da próstata é um problema de saúde a nível mundial. É o segundo cancro mais comum no homem, estimando-se que um em cada sete homens venha a ter cancro da próstata durante a sua vida. Em Portugal tem-se verificado um aumento da incidência, e em 2018, 6600 homens foram diagnosticados com cancro da próstata e aproximadamente 1800 morreram devido a esta doença.
É comum os homens não gostarem de ir ao médico, sobretudo pelo receio de descobrir que podem ter uma doença grave. Os homens têm uma sensação de invulnerabilidade, e a ideação que a doença os fragiliza perante uma sociedade em que a masculinidade tem ainda um significado importante.
No caso específico do cancro da próstata, os homens recém-diagnosticados demonstram de forma muito vincada o receio pelos efeitos adversos do tratamento (sobretudo a nível sexual), e as eventuais consequências a nível familiar, profissional e social que a doença pode causar.
Não afeta apenas o homem
O diagnóstico de cancro e todo o processo da doença constitui um acontecimento de stress, associado a representações e imagens negativas que acarretam sempre algum grau de sofrimento psicológico. A reação emocional face a esta experiência difícil, varia num continuum que pode ir desde sentimentos normais de vulnerabilidade, tristeza e medo, a situações de grande sofrimento emocional que comprometem o funcionamento físico, psicológico e social e que diminuem, significativamente, a qualidade de vida.
Os sintomas da própria doença e os efeitos secundários dos tratamentos (cirurgia, radioterapia, terapêutica hormonal, quimioterapia) podem trazer consigo alterações nas capacidades físicas e mentais, mudanças quanto aos papéis pessoais e sociais (maior dependência, interrupção da atividade laboral não desejada), assim como alterações na aparência, imagem corporal e resposta sexual (desejo sexual diminuído, dificuldades na ereção e na ejaculação).
Assim é fácil entender que o cancro da próstata não é apenas uma doença que afeta o homem. É também uma doença que afeta a sua companheira, os seus filhos, os seus familiares e também os seus amigos. É uma doença com impacto nas relações interpessoais, nas relações profissionais e com consequências sociais e económicas importantes.
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O papel essencial da mulher
O cancro da próstata é uma doença com grande impacto na dinâmica familiar e o envolvimento das mulheres é fundamental para a compreensão da doença e das suas implicações.
As mulheres tendem a estar mais habituadas a ir ao médico e claramente percebem o benefício desta prática. Para além disso, as mulheres não se sentem vulneráveis pelo recurso ao médico e estão mais familiarizadas a questionar e discutir a sua saúde. As mulheres desde idade jovem que adotam práticas de promoção da sua saúde, e mais facilmente percebem que a vida e qualidade de vida dos seus parceiros poderá melhorar significativamente se estes também adotarem a mesma postura.
Assim, o papel da mulher enquanto alguém que desde muito cedo adotou hábitos de promoção de saúde, é crucial na ajuda aos seus companheiros com cancro da próstata (quer promovendo práticas que permitam um diagnóstico precoce, quer no suporte após o diagnóstico).
Recuperar em conjunto
A influência da mulher (companheira) é primordial no encorajamento aos homens em perceberem e aceitarem a doença. O apoio da mulher é essencial para reduzir o sofrimento emocional, para promover a adaptação à doença, para fomentar a adesão aos tratamentos, e para melhorar o funcionamento global e qualidade de vida do homem, minimizando, deste modo, o risco de desenvolvimento de quadros clínicos mais graves.
Se é mulher e o seu companheiro tem cancro da próstata, o seu envolvimento é essencial. Após o diagnóstico, experimentará (tal como o seu parceiro) uma ampla gama de emoções e dúvidas, não as reprima, fale sobre elas com o seu parceiro e com o médico. Acompanhe o seu parceiro às consultas médicas, explorem em conjunto as diferentes opções de tratamento. Procure entender as terapêuticas e discutam em conjunto os efeitos secundários dos tratamentos e o modo como podem influenciar a vossa vida; manifeste sempre a sua disponibilidade em apoiar o seu parceiro. No entanto, à medida que o seu parceiro com cancro da próstata inicia a sua jornada, também terá uma jornada própria passível de apoio. Atender a essa necessidade deve ser um objetivo paralelo e legítimo.
Em conjunto valorizem as necessidades do casal e de cada membro, para que, através de uma comunicação efetiva, sejam capazes de (re)construir um modelo relacional singular e satisfatório que favoreça a sua saúde e bem-estar.