Numa sociedade cada vez mais pautada pelo excesso de informação e pressão social inerente à perfeição em todos os aspetos da vida, cada vez mais pessoas procuram emagrecer através de planos de emagrecimento que não são sustentáveis, nem saudáveis a longo prazo. Seguem modas, influências, o “vizinho do lado”, e sujeitam-se a restrições alimentares que não lhes surtem efeito e que provocam frustração, ansiedade e raiva.
Na teoria, a restrição energética e a perda de peso é matemática, baseada no défice calórico (consumir menos calorias do que as necessidades calóricas diárias). Deste modo, o corpo gastará as reservas energéticas e logo perdermos peso. Mas perder peso é bem diferente de emagrecer, visto que o processo de emagrecimento exige necessariamente a perda de massa gorda, um processo lento e exigente, com alterações no estilo de vida e nos hábitos alimentares.
“Dieta” significa “padrão alimentar” (não “restrição alimentar”) e deve ser baseada em bons ensinamentos alimentares, como a dieta mediterrânea e a roda dos alimentos. Para além disso, o ser humano é um ser social e complexo, e logo o nosso tipo de alimentação também deverá ter em consideração outros fatores como o convívio familiar e social, a prática de exercício físico, a condição de saúde e/ou preferências alimentares.
O que acontece hoje em dia é que a maioria das pessoas restringe a sua vida neste terrorismo nutricional que vivemos, prescindido de refeições em família no seu quotidiano ou refeições com amigos ao fim de semana simplesmente porque não pode comer, porque está de dieta.
Por outro lado, estas dietas demasiado restritas potenciam o efeito “iô-iô” pois o “fruto proibido é o mais apetecido”. Quando voltamos a comer normalmente, voltamos aos maus hábitos alimentares, visto que não houve um processo de reeducação alimentar, o que provoca novamente um aumento de peso, fazendo com que este processo seja um ciclo vicioso que acarreta descompensações emocionais e metabólicas.
Importa ainda referir que a restrição e eliminação de certos grupos alimentares leva também a fraqueza, queda e enfraquecimento de cabelo e unhas, dores de cabeça, perda de massa muscular e deficiências nutricionais, principalmente em micronutrientes como vitaminas e minerais indispensáveis à vida. Por exemplo, uma das estratégias mais utilizada neste tipo de dietas é a ausência de fruta, grupo alimentar rico em vitaminas e que não pode de todo estar ausente da nossa alimentação.
É importante, por isso, deixar assente que estes tipos de dietas restritivas não combinam com saúde nem com bem-estar físico, mental e social e que a longo prazo a única forma de emagrecer com qualidade é incutindo hábitos e rotinas alimentares saudáveis adaptadas ao objetivo individual de cada um, aliados a um bem-estar mental, prática de exercício físico regular e boa qualidade de sono.
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