Se lhe perguntar quais são as principais articulações do corpo humano, o mais provável é indicar os joelhos, ombros ou cotovelos. Está correto, no entanto, o corpo humano é composto por muitas outras articulações que nos permitem fazer vários tipos de movimentos.
Algumas passam mais despercebidas que outras. Exemplo disso é uma pequena articulação que usamos diariamente, cerca de 2000x por dia – a articulação temporomandibular (ATM). Situada perto do ouvido, é usada frequentemente para realizar atividades essenciais do nosso dia-a-dia como comer, falar, sorrir e bocejar!
Quando esta articulação apresenta patologia, podemos dizer que temos uma disfunção temporomandibular (DTM).
Quais os sintomas mais comuns numa DTM?
Os sinais mais frequentes desta disfunção incluem: dor na face e ou/na articulação (muitas vezes confundida com dor de ouvido)
- Estalidos articulares
- Bloqueios ou limitação da abertura da boca
- Sensação de desencaixe dos maxilares
- Tensão muscular ou cervical
- Dores de cabeça
Quais as principais causas desta doença?
Esta é uma doença multifatorial, ou seja, existem várias causas para este problema, nomeadamente traumatismo facial, patologia autoimune, tumores, bruxismo e apertamento dentário.
Stress – Apertamento dentário – DTM: Qual a relação?
A resposta corporal involuntária ao stress mais comum é o apertamento dentário, aumentando a tensão nos maxilares, um dos fatores de risco para ter DTM. Assim, existe uma relação positiva entre os níveis de stress e ansiedade e a intensidade de alguns dos sintomas descritos nesta patologia.
Em 2019, 68% dos doentes observados em consulta, com patologia da articulação temporomandibular, apresentavam níveis de stress superiores a 7 (numa escala de 0/10) e de ansiedade moderada a grave (ansiedade medida através do sistema Generalized Anxiety Disorder 2-7).
Esta influência do stress é amplificada com os desafios crescentes na nossa sociedade:gestão de tempo entre família, trabalho e lazer; insegurança em relação ao futuro, exposição constante a informação através dos meios de comunicação digital, gestão de emoções, agravados por períodos de incerteza como os efeitos da guerra na Ucrânia e a pandemia Covid-19.
Quais os tratamentos possíveis?
A DTM pode manifestar-se a nível muscular e/ou articular, existindo, por isso, diferentes abordagens terapêuticas, de acordo com o diagnóstico que deve ser assertivo e meticuloso. Assim, para um determinado diagnóstico existe um tratamento conservador ou cirúrgico.
A DTM afeta mais as mulheres. Porquê?
Estudos sugerem que esta patologia é mais prevalente no sexo feminino. Resultados de um estudo realizado, pelo nosso grupo de investigação no Instituto Português da Face, em 595 doentes com DTM corroboram isso mesmo, sendo que 80,50% são do sexo feminino.
Os motivos pelos quais isto acontece ainda não são totalmente conhecidos e não há literatura suficiente para responder a esta questão com rigor. No entanto, estudos demonstram que a articulação temporomandibular tem mais recetores de estrogénio (hormona sexual feminina) e, por isso, poderá estar mais suscetível a desenvolver este tipo de patologia. Apesar de alguns avanços ainda é um tema com algumas lacunas em termos de respostas, sendo nesse sentido essencial manterem-se os estudos destas disfunções para que as respostas sejam cada vez mais eficazes.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a ACTIVA nem espelham o seu posicionamento editorial.