Todos os términos são complicados, mas o fim de uma relação curta pode ser excecionalmente difícil. Isto porque os primeiros dias de um relacionamento são sinónimo de “amor sem conhecimento”, diz a terapeuta Liz Higgins.
“Experienciamos paixão, imensas possibilidades e uma grande variedade de coisas desconhecidas com essa pessoa”, explica ao Huffington Post. “Esse curto período de tempo é cheio de oportunidades para brincar, explorar e conectar”. Higgins sublinha que, mesmo em relações longas, muitas vezes, sofremos com a perda desse amor que nos consumiu na fase inicial. É inebriante e eufórico estar com alguém novo, e os casais monogâmicos estão sempre a tentar recriar essa sensação.
Há outro fator a ter em conta. A falta de respostas após qualquer período de tempo pode deixar uma pessoa com dificuldades em superar um romance por mais tempo do que levaria no caso de um término claro e satisfatório. “A nossa cultura parece equiparar o tempo passado juntos com o nível de explicação e encerramento que um indivíduo merece com uma separação, mas os nossos cérebros não funcionam necessariamente assim”, afirma a terapeuta Sarah Spencer.
A especialista menciona o efeito Zeigarnik, estudado pela primeira vez na década de 1920 pela psicóloga russa Bluma Zeigarnik. O fenómeno consiste na tendência de nos lembrarmos melhor ou mais de assuntos inacabados através de ‘óculos cor-de-rosa’ do que de algo que deixámos bem arrumado e de uma forma relativamente fácil.
“Quando não temos encerramento, sentimo-nos um pouco loucos porque o cérebro está num tipo de curto-circuito, desesperado por uma conclusão. É por este motivo que as histórias com finais ambíguos nos ficam na memória durante mais tempo. O cérebro está desesperado para completar a narrativa“.
A profunda necessidade psicológica de encerrar capítulos também é o motivo pelo qual o ghosting é tão devastador. “Sempre que partilha uma experiência profunda, um dia ou três meses, o cérebro a perguntar-se o que vai acontecer a seguir”, acrescenta Spencer. “Se o cérebro fica sem saber o que acontece a seguir, é mais difícil deixar de pensar nisso”.