Há aquela frase feita, mas tão verdadeira, que diz que, quando nasce um filho, nasce, também, uma mãe. Será que a esta ideia podemos acrescentar que nasce, automaticamente, uma culpa até então desconhecida? É a famosa culpa materna, um sentimento que parece estar sempre presente, mas que precisa de ser reconhecido e compreendido, para não crescer em demasia dentro de si.
Esta sensação de culpa está diretamente relacionada com a representação social e as expetativas que se geram em torno da figura da mãe. Há um ideal materno de perfeição que se perpetua, mas que não é real, nem tangível. Neste ideal, não há espaço para o erro ou para a aprendizagem e a verdade é que – rufar de tambores – ninguém é perfeito. Nem as mães. Mas a beleza da vida, e da própria maternidade, está nesta infindável oportunidade de sermos sempre melhores e de oferecermos essa melhor versão de nós mesmas aos nossos filhos.
Aceitar que não é perfeita torna mais fácil a aceitação do seu filho como ser único, dotado de qualidades, mas também de defeitos. Uma criança que se sente totalmente aceite e que experiencia o amor incondicional desenvolve, por norma, uma imagem mais positiva de si mesma e um auto-cuidado baseado na compaixão e na gentileza. Por isso mesmo, acolher-se, enquanto mãe e mulher, no seu todo, é a chave para não alimentar a culpa e para mostrar, através do exemplo, que o erro faz parte do caminho e que apenas controlamos o nosso comportamento perante esse erro.
Uma pesquisa feita na Holanda com 900 pares de mães, pais e filhos, mediu alguns comportamentos parentais importantes, como a qualidade da escuta, a compaixão pelos filhos, a consciência dos pais sobre as emoções dos filhos e como os pais avaliavam o seu próprio comportamento de resposta. De todos estes aspetos, a aceitação que as mães e os pais fazem de si mesmos foi o fator mais associado a menores níveis de depressão e ansiedade nos filhos. Neste sentido, abraçar as nossas imperfeições com naturalidade, estando sempre disposta a melhorá-las, deixando de lado expetativas irrealistas, contribui em muito para a resiliência emocional das crianças. Não negligencie, portanto o auto-cuidado e aprenda a olhar para si com mais carinho.