Podia começar com números. A maioria dos artigos começa com números. E sim, os números assustam.
Mas hoje quero começar de forma diferente – A maioria das vezes o suicídio não mata pela vontade de morrer, mata porque temos medo de falar dele.
O Suicídio é a doença da “falta de luz ao fundo do túnel”. É a ausência de saída, de solução, a dor continuada, o sofrimento além do que a pessoa consegue tolerar, a ajuda que não chega e que mata. O silêncio. O isolamento. Por norma, surge de uma ideia que se instala devagarinho e ganha força, dá sinais e vem com pedidos de ajuda.
Doenças mentais e suicídio estão intimamente ligados ainda que não de forma exclusiva. Pode existir uma Depressão, mas há várias outras doenças que também aumentam o risco de suicídio – a Doença Bipolar, o Alcoolismo, as Psicoses ou as Perturbações da Personalidade. Se a doença mental é factor de risco, o seu diagnóstico e tratamento atempados são os principais factores de protecção. Pessoas mais informadas, pessoas mais esclarecidas, pessoas que conhecem as alternativas que existem e procuram tratamento para si e para os seus são os imperativos da cura para quem escolhe viver.
E então, mais do que falar sobre tantos outros números num mundo saturado de dados e estatísticas, hoje quero deixar-vos com um número muito especial – um número que pode ser a chave para a mudança que precisamos. Vamos conhecer 7 factos sobre o Suicídio para ficarmos, nós também, mais informados, mais esclarecidos e conhecermos as alternativas que existem:
1. O Suicídio é um problema de todos e afecta pessoas de todas as idades e em todos os lugares.
2. Não desvalorize pedidos de ajuda. A presença de uma Tentativa de Suicídio prévia é o maior factor de risco para o Suicídio.
3. Todos temos de estar atentos aos pedidos de ajuda. A maior parte dos Suicídios são planeados e, por norma, é dado um aviso. Este aviso chega aos que são mais próximos.
4. O Suicídio exige que pensemos nele. Muitos expressam a sua Ideação Suicida, mas poucos o fazem de modo espontâneo.
5. A forma correcta de abordar o assunto é abordá-lo directamente – Perguntar directamente não aumenta o risco de Suicídio.
6. Garantir ajuda é essencial porque o Suicídio pode ser prevenido e a ajuda existe na consulta de Psiquiatria. Falar em suicídio não é uma “simples chamada de atenção”, mas sim um sinal de que deve procurar ajuda.
7. Nem todas as pessoas que pensam no Suicídio o fazem e nem todas as formas de autoagressão são Tentativas de Suicídio mas nenhuma é normal e todas estas situações devem motivar a procura de Psiquiatra.
Falar sobre Suicídio “só lhe vai dar ideias”. Aquilo foi só uma “chamada de atenção”. Quem se quer matar mesmo, “não avisa, simplesmente faz”. Se a ideia do suicídio está lá, “não há nada a fazer”, desfazer estes e outros tipos de enganos e mal-entendidos pode salvar vidas.
A próxima vez que ouvirmos “Sou uma desilusão”, “Sou um fardo”, “Já ninguém precisa de mim”, vamos saber o que fazer. Alguém que tenta o Suicídio está tão aflito que é incapaz de ver que tem outras opções. Fazer a ajuda especializada chegar é essencial e tem de ser algo que parte de todos nós.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a ACTIVA nem espelham o seu posicionamento editorial.