ALMA RIVERA
CDU
, deputada na AR
e Membro do Comité Central do PCP
Quando surgiu o seu interesse pela política?
Curiosidade sempre houve, tal como a identificação das enormes desigualdades existentes, mas a vontade de participar ativamente coincidiu com a necessidade de lutar pelo direito de todos a estudar, independentemente das suas condições económicas. Quando entrei no Ensino Superior havia cortes e dificuldades de acesso à ação social, por isso juntei-me às manifestações estudantis. Percebi que os únicos que não apareciam só em eleições e partilhavam a mesma visão eram da JCP.
Quais foram as suas maiores conquistas políticas?
São conquistas coletivas. É uma vitória cada vez que os trabalhadores vencem uma batalha pelos seus direitos. Considero enormes conquistas da CDU a questão dos passes sociais ou dos manuais gratuitos, tal como as creches, coisas que fazem a diferença na vida das pessoas.
E as causas que mais a apaixonam?
O elemento comum que encontramos entre os problemas mais graves da nossa sociedade é precisamente a questão de classe. O trabalho é uma questão central na nossa vida e define grande parte dela, tal como contribuiu ou não (esse é o problema) para diminuir desigualdades, tirar espaço às discriminações, garantir autonomia a cada um. Por isso as lutas pela igualdade das mulheres, contra as violências e as discriminações persistentes na nossa sociedade, contra a pobreza, pelo desporto, cultura, ambiente, são lutas que os trabalhadores travam pela melhoria da sua vida e por mais distribuição da riqueza.
Uma palavra que a define
Espero estar à altura da palavra ‘camarada’
O que mais aprecia
e o que a tira do sério na política?
O que mais aprecio é o sentido de coletivo que temos no PCP e uma forma reta de ser e de estar. O que me tira do sério é o contrário disso, a manipulação dos outros, quando quem se apercebe das consequências das suas decisões simplesmente não quer saber e defende os seus interesses.
Quais são os maiores entraves à participação das mulheres na política?
As mulheres ainda recebem menos do que os homens, têm vínculos mais precários e horários mais desregulados, a que se soma o trabalho doméstico e de cuidado que recai de forma desigual sobre elas. Ser mãe é uma dificuldade nos empregos e faltam equipamentos sociais para aliviá-las. Neste contexto, torna-se mais difícil participar quando se passa o dia a correr e a desempenhar vários papéis. É preciso ter tempo e disponibilidade mental para se envolver na vida associativa, cívica e política.
Que mais-valias trazem as mulheres para a política?
Se as mulheres com funções e posições políticas representarem e defenderem as mulheres comuns, trabalhadoras, reformadas, mães, pequenas empresárias, então estão a trazer os seus problemas e a sua visão.
3 mulheres inspiradoras
Todas as lutadoras que enfrentam quem está em situação de poder, nos contextos laboral, familiar e social. Exemplos? Catarina Eufémia, M.ª Teresa Horta, Cristina Tavares, Filomena Ramos…
O que faz nos tempos livres?
Tanta coisa, mas não prescindo de estar com os gatos.
Um discurso que a tenha marcado
Todos os que dizem a verdade são bons, mas destacava as intervenções da Odete Santos.
Uma frase motivadora que costume citar
As vitórias não nos descansam e as derrotas não nos desanimam.
*Partidos políticos que tinham deputadas na AR em 2022.