Todos nós, por maior ou menor ligação que tenhamos à área da saúde, já ouvimos falar de osteoporose. Seja por nos lembrarmos daquela tia afastada que tinha osteoporose e acabou “entrevada”, seja por causa da vizinha do primeiro andar que caiu e partiu a anca, seja pela incessante publicitação de comprimidos de cálcio milagrosos que entram nas nossas casas através da televisão. Paradoxalmente, encaramos a osteoporose como uma inevitabilidade da vida ao mesmo tempo que nos reconfortamos na ideia de que é um problema ainda distante. Mas a osteoporose pode ter consequências sérias para quem sofre a fratura, para a sua família e para a sociedade. E a palavra de ordem deve ser prevenção.
A osteoporose é a doença óssea mais frequente e caracteriza-se por uma degradação progressiva da qualidade e da quantidade de osso, aumentando o risco de fratura, ou seja, de partir um osso. O impacto pode ser devastador. Em Portugal, por exemplo, ocorreram em 2019 quase 71 mil fraturas osteoporóticas, sendo as mais comuns as da anca, das vértebras e do punho. O tratamento médico e cirúrgico destas fraturas, a reabilitação e o internamento em unidades de retaguarda terá custado ao Estado Português cerca de mil milhões de euros, só nesse ano. Mas quando nos focamos no plano individual, o impacto não é menor. Por exemplo, um em cada quatro idosos que frature uma anca morre no ano seguinte à fratura por consequências diretas ou indiretas dessa mesma fratura. Se sobreviver, ficará muito provavelmente limitado e dependente do apoio de terceiros, ou institucionalizado até ao fim dos seus dias.
A osteoporose e a fratura osteoporótica deveriam ser considerados um problema de saúde pública. Seria, por isso, de esperar que figurassem como uma prioridade estratégica para os decisores de saúde, até pela dimensão dos números referidos antes. Infelizmente, tal não se verifica. Não existem quaisquer políticas consistentes de prevenção da osteoporose tal como noutras patologias como as cardio e cerebrovasculares, as oncológicas ou as infeciosas. É crucial que a comunidade médica e científica, as associações de doentes e a sociedade civil se mobilizem para colocar a osteoporose e as fraturas na agenda política.
Enquanto tal não acontece, cada um de nós pode, individualmente, contribuir para inverter a tendência de fragilidade óssea. Para potenciar o pico de massa óssea (entre os 20 e os 30 anos) e atrasar a perda óssea e muscular associada ao envelhecimento, dois fatores são de grande importância: a prática de exercício físico e a nutrição. O osso, enquanto órgão vivo, necessita de estímulo para se regenerar, por isso desportos regulares que envolvam impacto de intensidade baixa a moderada como corrida, caminhadas, ginásio ou aulas de dança são recomendados. Do ponto de vista nutricional, além do reconhecidamente importante aporte de cálcio (através de lacticínios mas também de legumes de folha verde e alguns alimentos enlatados), não devem ser esquecidas a vitamina D (obtida através de exposição solar, consumo de óleo de fígado de bacalhau e vários peixes “gordos”) e as proteínas (consumo de carne, peixe ou ovo).
Por fim, a proatividade para com nossa a saúde óssea deve passar pela discussão com o Médico Assistente sobre a avaliação do risco de fratura e a avaliação da densidade mineral óssea, incluindo o tempo certo para a sua realização e a pertinência de iniciar tratamentos farmacológicos que revertam a osteoporose e evitem a fratura de fragilidade.
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