Madalena* tinha 27 anos quando conheceu Manuel*, médico, uma década mais velho que ela… e casado. A personalidade sedutora, a inteligência, uma autoconfiança inabalável e o sentido de humor conquistaram-na logo no primeiro momento.

A paixão foi lenta mas irremediável. “Conheci-o nos meus primeiros tempos enquanto delegada de informação médica. E foi tudo muito rápido. No final da primeira conversa profissional perguntou-me se não queria jantar com ele e confesso que nem a aliança no dedo dele me demoveu.” Envolveram-se sexualmente nesse mesmo dia, algo que nunca lhe tinha acontecido, conta Madalena.

“Aos poucos, apaixonei-me. A minha mãe sabia do que se passava e tentava abrir-me os olhos. Cheguei a ser malcriada com ela porque não queria ouvir a verdade: o Manuel não iria deixar a mulher”. Apesar de nunca lhe ter feito esse pedido, desejava-o secretamente. E as desculpas para manterem aquela ligação na sombra eram velhas – ‘agora não é o momento certo’, ‘a minha a mulher está deprimida’, ‘a minha sogra está muito mal’, ‘Madalena tu não és mulher para te prenderes num casamento’, comentário que interpretou como um elogio – mas nem assim se afastou.



O fundo do poço

Encontravam-se todos os dias, excepto aos fins-de-semana, que ele passava com a família e ela com as amigas. Mas sentia a falta dele. Um dia, com saudades, enviou-lhe uma SMS. “Ligou-me de seguida, muito irritado, a perguntar como me atrevia a fazer aquilo.” Ficou chocada mas nem nessa altura resolveu acabar. Bastava ele dar-lhe um beijo ou abraçá-la para se esquecer de tudo e todos. Até que engravidou e… “ele entrou em pânico: não podia ter um filho comigo enquanto não terminasse o casamento. Disse-me que pagava o aborto e assim o fez. Foi muito doloroso a nível emocional, senti-me muito só. Queria imenso ser mãe mas sozinha, não daquela maneira.”

Dois anos mais tarde, a relação ainda continuava e Madalena foi obrigada a deixar de tomar a pílula por razões de saúde. “O Manuel nunca quis saber de anticoncepcionais… e engravidei novamente.” Ele continuava a não querer ser pai mas desta vez Madalena insistiu em levar a gravidez até ao fim, só que o destino pregou-lhe uma partida: “A mulher dele também tinha engravidado. Ainda tentei fazer contas à vida mas seria impossível pagar creche, casa e todas as contas sozinha. Chorei dias a fio mas abortei novamente. Com medo de não ter forças para o deixar, decidi aceitar um convite de trabalho mal pago em África, mas na área na qual me tinha formado. Foi muito duro mas… longe da vista, longe do coração. Há seis anos acabou a minha travessia do deserto. Conheci o meu actual marido, por quem me apaixonei e de quem tenho duas filhas maravilhosas.”



“Não fui educada para andar com homens casados”

Há 20 anos, Luísa, hoje com 45, conheceu o homem da sua vida. Antes dele aparecer, morava no Algarve e tinha uma vida que não julgaria deixar por nada no mundo: muitos amigos, um excelente emprego, vivia numa óptima casa com os pais, namorava há dois anos com um médico e até já tinham começado a procurar casa.

“Conheci o Jorge* através de amigos dos meus pais. Gostámos logo um do outro, estivemos à conversa e, nos dias que se seguiram, saímos juntos. Apaixonámo-nos quase de seguida. No princípio não sabia que ele era casado. Foi ele mesmo que me contou, dias depois.” Ficou chocada com a revelação: um casamento de 10 anos (ele tinha 35, na época), dois filhos pequenos, uma vida estabelecida em Lisboa. “Disse-me que não era feliz com a mulher. Acreditei: nenhum homem feliz no casamento desaparece de casa para ir um mês de férias sozinho para longe. Mas tive um drama de consciência enorme, senti-me culpada. Nunca tinha tido uma relação com um homem casado, não fui educada para isso. Acho que ninguém é.”



“O casamento dele acabou antes de eu aparecer”

Estavam juntos sempre que ele podia. Luísa terminou a sua relação quando percebeu a “paixão assolapada” que os uniu. “Quando o Jorge regressou a casa, ligava-me todos os dias. Nunca me falou mal da mulher e eu nunca lhe pedi para ele a largar para ficar comigo. Mais tarde, confessou-me que isso tinha sido decisivo: não era a primeira relação extraconjugal que tinha e outras mulheres tinham-lhe exigido isso.”

Dois anos depois de se conhecerem, a mulher de Jorge descobriu a relação. Mas aquela era diferente das outras facadas no matrimónio. Desta vez ele estava apaixonado. Decidiram-se pelo divórcio. “Cheguei a ponderar se poderia construir a minha felicidade em cima da tristeza dos outros. Mas larguei a minha vida confortável para começar do zero com ele, em Lisboa. Lembro-me de pensar, durante a viagem, como era a mulher mais feliz do mundo. Ia viver com o homem que amava! Corri um risco grande, mas fi-lo com a confiança de estar a fazer o melhor. Se ele se mudasse para a minha cidade, estaria muito tempo longe dos filhos e eu sei que ele não seria feliz assim.” Dezassete anos e dois filhos depois, sabe que valeu a pena arriscar. “Não fui eu que acabei com o casamento dele; ele já tinha acabado antes de eu aparecer. Penso nas coisas assim: ele estava parado à porta, eu passei, dei-lhe a mão e caminhámos juntos. E espero que a nossa história continue em ritmo de passeio até ao fim da vida.”



Teúdas, manteúdas e amantes modernas

Amantes, como Madalena e Luísa, são o grande fantasma na cabeça de qualquer mulher comprometida. Ana Santa Clara, debruça-se sobre este tema em ‘Não Esperes por Mim para Jantar’ (‘Esfera dos Livros’). “Desde que existe casamento, existem amantes, por razões que mudaram ao longo dos séculos. É uma realidade politicamente incorrecta mas existente.”

Em outros tempos, os papéis até se complementavam: ‘a outra’ chegava a ser fonte de alívio para algumas casadas, por desempenhar o papel sexual mais activo que a moral lhes reprova. O exemplo mais flagrante é o da mulher ‘mantida’. Tantas vezes de origens humildes, viam nesse estatuto a única hipótese de uma vida mais desafogada. Manter uma amante era, então, privilégio dos mais ricos. Hoje, a maioria das mulheres trabalha e não precisa do Senhor Doutor para lhes ‘montar casa’. “Mas é uma realidade que ainda existe”, alerta Santa Clara.

No entanto, ‘a outra’ não desapareceu com a emancipação feminina e o advento dos casamentos por amor. Porquê? “Por causa do princípio cristão da partilha: demograficamente, não há homens que cheguem para tanta mulher. Temos que os dividir”, diz a autora. E quem são elas? Muitas continuam, como Madalena, a ser as ingénuas que se apaixonam perdidamente. Podem começar por nem saber que ele é casado. “O maior de todos os seus erros é começar a assinar com o apelido dele, como as meninas de escola. Depois, querem ir aos mesmos sítios a que a mulher dele vai – ele odeia a invasão e, além disso, é de um masoquismo enorme. Normalmente, é sempre a amante a querer mais, quando se apaixona. Depois o homem diz-lhe que nunca lhe prometeu sair de casa. É mais fácil continuar a acreditar que, ‘um dia’, ele deixa a mulher para ficar com ela, do que reconhecer que isso nunca vai acontecer e que ela está a perder tempo.”

E há as amantes em série. “Certas mulheres acabam por repetir o padrão de só se envolverem com homens casados. À medida que vão envelhecendo, também existem cada vez menos homens livres.” Estas sabem as regras do jogo e não acabam com casamentos. “Muitas são profissionais que investiram muito na carreira e não têm tempo para um casamento e filhos”, observa a autora.





Afinal, de quem é a culpa?

Nem sempre se pede o divórcio quando se descobre o clássico bilhetinho no bolso do casaco ou colarinho sujo de batom. Para muitas mulheres, o alvo da ira deixa de ser o marido e passa a ser a ‘pecadora que o desencaminhou’. “É mais fácil descarregar em cima da ‘outra’ e dizer que o ‘enfeitiçou’, do que reconhecer que quem falhou foi o marido e entrar em litígio com ele”, diz Ana Santa Clara.

“Até porque isso as obriga a reconhecer que, se calhar, a responsabilidade também é delas, porque escolheram o homem errado ou o começaram a tratar como mãezinha castradora.” Essa é uma das posturas de que as amantes profissionais se abstraem. “Impressionam-me as mulheres que preferem fazer de conta que não se passa nada e dizem não se importar desde que o marido a respeite e não mostre a outra aos amigos. É falta de amor-próprio.” Também é simplista achar que este tipo de relações se resumem a sexo, observa a autora, salientando o papel de confidente que muitas amantes têm.

Só falta dizer que a culpa da relação extraconjugal é da mulher! “Não é culpa, são as circunstâncias da vida”, remata Ana Santa Clara. A sociedade exige que nos desdobremos em papéis: a melhor profissional, a boa dona de casa, a mãe perfeita, a companheira dedicada, a leoa na cama. É natural que qualquer coisa fique para trás e, muitas vezes, é de nós que nos esquecemos. “É a maior injustiça ao cimo da Terra, mas quem tem de lutar mais pelo casamento é a mulher.”



“Eu, amante? Nunca!”

Existem candidatas mais propícias a desempenhar este papel? Santa Clara discorda: “Não é inteligente declarar que nunca seremos a ‘outra’. Por mais princípios que tenhamos, é muito difícil manter um controlo absoluto sobre as emoções.” Como podemos, então, evitar cair na cantiga do bandido e perceber os sinais de que, aquele tipo interessante que a acabou de convidar para jantar, não é casado e pai de filhos? “Se ele à noite nunca atende, alega que não ouviu o telefone e liga mais tarde, nunca está disponível para combinações à noite ou ao fim-de-semana, é questão para estranhar.”

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