A grande maioria de nós está familiarizada com o conceito de burnout, especialmente aqueles que trabalham em áreas de ritmo acelerado ou de alta pressão. Agora, há um novo fenómeno no local de trabalho: o rust-out (enferrujamento, em tradução livre). Uma espécie de primo aborrecido e pouco engajado da síndrome de esgotamento profissional.
O que é?
O termo descreve sentir-se sem inspiração e desinteressado, como resultado da falta de estímulo e conexão. Pode manifestar-se na falta de ímpeto para agarrar projetos com a mesma energia, na irritação com colegas ou apenas na sensação de que o dia a dia tornou-se mundano.
Emily Button-Lynham, coach de carreira, acredita que isto acontece quando o trabalho de um indivíduo não é inspirador e, como tal, não amplia as suas competências ou habilidades. “As pessoas acabam a sentir-se apáticas e entediadas”, explica à revista “Harper’s Bazaar”. “Embora isso seja considerado um fenómeno profissional, o impacto negativo no resto da vida pode ser enorme, causando inércia e infelicidade”.
A especialista acrescenta que as mulheres profissionais de alto desempenho estão entre os mais suscetíveis a sofrer de rust-out — e o género pode desempenhar um papel.
Os motivos para afetar mais as mulheres
Inúmeros estudos demonstram que as mulheres sentem que têm de trabalhar mais arduamente para obter a mesma progressão na carreira do que os homens. Na opinião de Button-Lynham, é esse sentimento de injustiça que pode levar tantas a entrar em rust-out.
A América corporativa é um excelente exemplo. O estudo longitudinal “Women in the Workplace 2022”, da consultora McKinsey & Company, indica que existe uma falha no primeiro degrau da carreira quando se trata promover mulheres a gestoras.
“Para cada 100 homens promovidos há apenas 86 mulheres. As mulheres podem experienciar sentimentos de ‘rust-out’ quando trabalham com o mesmo empenho, se não mais, do que os homens, mas não são reconhecidas ou não lhes são dadas as oportunidades que merecem”, explica a coach. “Isso é ainda mais evidente para as mulheres negras, sendo que apenas 5% dos executivos de alto escalão são mulheres negras”.
Como lidar?
Identificou-se? Em primeiro lugar, não entre em pânico. Existem maneiras de gerir o rust-out e canalizá-lo de maneira útil, diz Button-Lynham. Na verdade, até pode ser uma força positiva e catalisadora de mudança, se houver abertura para tal.
“Comece com autoconsciência. Passe algum tempo a conectar-se com as suas emoções e pensamentos, e identifique quaisquer padrões ou temas quando eles surgirem com maior frequência”, aconselha. “O ocorrido mostra que há algo na sua carreira e vida que causa desconforto (…) Tente reformular a sua crise de ‘rust-out’ como uma oportunidade. Pode ser apenas um sinal de alerta muito necessário”.