Um “orgasmo de pele”: eis como Ainsley Hawthorn, especialista em estudos sensoriais, caracteriza o fenómeno frisson, isto é, os arrepios ou formigueiros que sentimos no corpo quando ouvimos uma música que nos emociona ou uma história impressionante. Mas não se fica por aí. Hawthorn decidiu investigar o modo como as personalidades das pessoas que os sentem são diferentes daquelas que nunca tiveram esta sensação.
Comecemos por analisar aquilo que acontece no nosso corpo quando temos um “orgasmo de pele”. De acordo com as experiências de vários cientistas, dá-se um aumento do ritmo cardíaco e da atividade cerebral nos centros de recompensa, também associados ao prazer sexual ou alimentar, libertando dopamina. Ou seja, o nosso organismo reage de forma semelhante quando temos um orgasmo deste tipo e quando desempenhamos atividades básicas de sobrevivência.
Mas, afinal, o que diz sobre a nossa personalidade? Investigadores de Harvard analisaram os cérebros de 10 pessoas que costumavam experienciar o frisson de forma intensa com o de outras 10 que nunca tinham tido tal sensação. Os resultados mostraram que o primeiro grupo tinha um muito maior volume de conexões entre o córtex auditivo, onde se processa o som, e as áreas do cérebro responsáveis pela recompensa e emoções.
Além disto, descobriu-se que as pessoas que sentem os “orgasmos de pele” partilham um traço de personalidade: abertura à experiência. Segundo o psicólogo Mitchell Colver, “as pessoas que possuem este traço têm imaginação muito ativa, apreciam a beleza e a natureza, procuram novas experiências, refletem sobre os próprios sentimentos e gostam da diversidade“.
Por fim, o referido especialista sugere que o frisson não tem tanto a ver com a profundidade da emoção da pessoa num determinado momento, mas sim com o quão “imersos” estão em alguma experiência artística. No fundo, quanto mais concentrados estivermos na experiência, mais hipóteses teremos de ver o nosso corpo reagir à mesma através da famosa pele de galinha.