Todos sabemos que os bebés não nascem com manual de instruções, mas Mónica Cró Braz quis mudar isso e, para facilitar os primeiros anos de vida aos pais, decidiu escrever um livro que funciona como um manual obrigatório onde facilmente se esclarecem dúvidas e mitos. Na verdade, isto não é algo novo para a médica pediatra, que tem no seu Instagram uma ferramenta de grande ajuda, onde partilha dicas úteis e desmistifica temas pertinentes relacionados com os bebés e as crianças. Desta forma, o livro “Pergunte à sua Pediatra” acaba por ser uma extensão natural deste trabalho que Mónica Cró Braz faz diariamente, tanto em consultório, como online, tendo sido, também, o mote para esta conversa.
Quando nasce um bebé, nascem, também muitas dúvidas. Quais são as perguntas mais frequentes que lhe chegam ao consultório?
Chegam todo o tipo de dúvidas, mas as mais comuns prendem-se com questões de amamentação, cólicas, peso do bebé, como vesti-lo, como cuidar do cordão umbilical, em que posição dormir e quais os sinais de alarme a que os pais devem estar atentos.
Com este livro pretende ajudar os pais a viver os primeiros anos do bebé de forma mais tranquila?
Não nascendo as crianças com manual de instruções, este livro pretende ajudar a descomplicar uma fase, por si só, desafiante. Num mundo com tanta informação, pode tornar-se um período ainda mais confuso e os pais sentirem-se perdidos. Aqui, baseada sempre na evidência, tento simplificar a vida aos novos pais, com dicas práticas.
De facto, costuma-se dizer que os bebés não vêm com manual de instruções. Este guia é um bocadinho esse manual de aconselhamento?
Este livro traduz o meu dia a dia nas consultas de pediatria, quer em consultas de vigilância de saúde do bebé e da criança, que devem ser observados em etapas-chave, bem como de episódios de urgência em caso de doença aguda. Compila as questões mais frequentes, das várias área da criança, como o sono, higiene e alimentação, bem como prevenção de acidentes e tratamento de doenças.
Sendo mãe, também dá por si a pensar nas questões e nas dúvidas que surgem à maioria dos pais ou consegue ativar o lado racional e médico na sua experiência pessoal?
Ser mãe dá-me uma perspetiva diferente e talvez mais completa da pediatria, mas costumo dizer que saber demasiado sobre um tema é, por vezes, desvantajoso. Resolvo a grande maioria das doenças agudas dos meus filhos, mas ambos têm pediatra assistente que não é a mãe deles.
Pegando num dos temas do seu livro, como podem os pais descansar em relação ao aumento saudável de peso de um bebé, por exemplo?
Quando os bebes nascem é normal que percam até 10% do peso e que esse peso se recupere até às duas semanas de vida. Amamentar é o melhor alimento que um bebé pode ter, mas traz alguma angústia aos pais que não percebem quanto bebe e se será suficiente. Em cada etapa de crescimento sabemos quanto, em média, um bebé deve engordar por dia, mas isto não é estanque porque balanças diferentes, a barriga cheia, um chichi, um cocó, tudo conta para maior ou menor peso. Confiar no profissional de saúde que acompanha é fundamental para os pais ficarem mais seguros.
Podemos aqui desmistificar as questões dos percentis? É que pode ser um peso para muitos pais, que ficam agarrados aos percentis de forma preocupada, mas não tem que ser assim, pois não?
As curvas de percentis, existentes nos livros de saúde infantil das crianças, são curvas da organização mundial de saúde que mostram a evolução de alguns parâmetros como o peso, o comprimento, o perímetro da cabeça e o índice de massa corporal. Dependem da genética, mas também de fatores ambientais. Mais do que o percentil ser maior ou menor que o do filho do amigo, interessa que aquela curva seja harmoniosa para aquela criança, sem desvios rápidos para cima ( exemplo: no peso – risco de obesidade ) ou para baixo ( exemplo: no comprimento – risco de baixa estatura).
Os pais de hoje em dia são, em teoria, os mais bem informados. Pela sua experiência, isso tem sido algo bom ou muita informação gera ainda mais dúvidas?
Atualmente os pais estão mais bem informados, mas acima de tudo, quantidade de informação não significa qualidade da mesma. Os pais têm que saber onde procurar informação fidedigna e escolher um ou dois profissionais de saúde em quem confiem. Os pais pretendem o melhor para os filhos e dão tudo por eles, mas nem sempre tudo o que lhes é proposto faz sentido ou é necessário. Em medicina, e na pediatria ainda mais, a máxima é sempre “primum non nocere” (“primeiro, não prejudicar”).
Estamos na altura das férias. O que é mesmo necessário levar na mala dos bebés?
No outro dia pensava que quanto mais pequenos são, mais acessórios precisam, seja num fim de semana, seja num mês de férias.
Além de roupa e de produtos de higiene, por vezes há pais que precisam levar uma cama de viagem, a banheira, o carrinho de bebé, a varinha mágica para sopas e um sem fim de objetos. Além disso, alguns brinquedos de praia e de conforto da criança, material para se entreterem como canetas, lápis, folhas são também importantes. Por fim, não esquecer medicação habitual das crianças e kit sos incluindo protetor solar e repelente.