A dramaturga, encenadora e atriz Joana Craveiro, fotografada por João Lemos na ZDB

Joana não faz teatro de rua, mas muitas vezes as ruas, de uma cidade, vila ou aldeia, são o seu palco. Já fez peças num atrelado de um camião, num corredor de um hospital, em casas vazias e devolutas, em galerias, no meio do campo, mas também no Teatro Nacional D. Maria II, na Sala Garrett ou no São Luiz. Ao longo de mais de 20 anos de carreira, sempre procurou aquilo que lhe fazia sentido, artes performativas fora da caixa, em que o público sinta que faz parte de uma comunidade. Joana Craveiro nasceu em 1974, uma data muito importante para ela, também porque se deu o 25 de abril, um dos temas que lhe é muito querido e uma fonte inesgotável de inspiração. Encontrámo-nos na emblemática ZDB, Galeria Zé dos Bois, no Bairro Alto, uma escolha cénica para a entrevista que não foi ao acaso. Foi aqui que a primeira peça da sua companhia. Bastam poucos minutos de conversa para perceber a paixão que tem pela sua profissão, mas também a imensa criatividade, a maneira como quer que as suas peças nos façam pensar e olhar o outro. Também é percetível a sua perseverança e persistência, porque para chegar ao reconhecimento que tem hoje foram precisos anos de muito trabalho… num país que não valoriza o suficiente a Cultura. Conheça melhor esta mulher inspiradora.

Conte-nos um pouco sobre as suas raízes.
Nasci em Lisboa, tenho 3 irmãos, os meus avós maternos, que foram muito formativos para mim, vieram de uma aldeia chamada Zibreira. A minha avó veio para Lisboa com 14 anos, como muitas raparigas de meios pobres naquela altura, para trabalhar como empregada numa casa. Viviam em Benfica quando eu nasci, e foi aí que cresci, formei-me e vivi até ao início da idade adulta. Mas desde cedo decidi que não queria ficar em Benfica, adorava o resto da cidade. Como andava muito de autocarro, o meu crescimento correspondeu à descoberta das paragens de um autocarro específico – o 33. Primeiro até ao estádio do Benfica, onde fazia desporto, depois até ao Campo Pequeno, depois outra e mais outra paragem. Fui conhecendo cada vez mais pedaços da cidade que me apaixonava, Lisboa tinha uma arquitetura incrível, uma vida, não estou a referir-me à noturna, embora aos 14 anos já fizesse teatro à noite.

Começou a fazer teatro com essa idade?
Comecei com 13 mas estreei-me aos 14 no Cinearte d’ A Barraca, num espetáculo à meia-noite. Era A Invenção do Amor, do Daniel Filipe.

Ser atriz era um sonho de infância?
Sempre fui uma criança que brincava muito sozinha com os meus tarecos. Nem sequer tínhamos muitos brinquedos, era um tempo de poucas coisas, ainda, e há uma fotografia emblemática em que eu estou a brincar com coisas partidas, um triciclo antigo e roupas da minha avó. Os meus pais achavam um bocadinho bizarro mas como não chateava ninguém, era bom. Acho que vem daí esta relação que tenho com objetos, a leitura e a escrita.

Também gostava de ler e escrever?
Cresci no pós revolução, os meus pais eram muito politizados, estavam sempre em projetos para salvar o mundo e nós estávamos ali um bocado a crescer por nós.
Isso marca-nos. Não sei muito bem que sonhos é que tinha, sabia que queria escrever. Durante anos quis ser jornalista, até decidir ir para antropologia.

Já não queria ser atriz?
Queria, mas não sabia como é que isso se ia realizar porque os pais não batem palmas quando os filhos dizem que querem ser atores. Há sempre aquela ideia de que é uma vida muito difícil. E é.

Mas começou a fazer teatro aos 13 anos…
Sim e foi ideia minha mãe, bem se arrependeu mais tarde. Estava sempre a inventar coisas para não ficarmos em casa desocupados, fomos para os escoteiros, aprendemos línguas, ginástica, natação. Um dia viu um anúncio de um curso no Teatro Infantil de Lisboa (TIL), e decide que eu e o meu irmão mais velho devíamos ir. Ensaiávamos à noite. Eu era a mais nova do grupo.

Gostou da experiência?
Muito, sabia as deixas de toda a gente. Ainda fiz 2 peças com esse grupo amador. depois até me convidaram para ser contra-regra do espetáculo do grupo profissional. Só deixei o grupo amador quando fui fazer o 12.º ano na Alemanha, mas lá também fiz parte de um grupo de teatro da escola.

Como foi estar longe da família aos 17 anos?
Foi um ano absolutamente incrível. Nós já éramos crianças muito independentes, e foram os meus pais que tiveram a ideia. Eu queria ir para a Holanda, mas eles optaram pela Alemanha porque fazia mais sentido aprender alemão do que holandês! Eu já estava a aprender, mas não falava nada.

Teve de começar a falar…
Sim, eu comecei a sonhar em alemão! Os alunos ficam com famílias. Aquela em que eu fiquei era mais conservadora do que a minha mas incrível. Vivi na Alemanha em 1991-92, logo a seguir à queda do muro de Berlim. Foi um privilégio poder estar lá nessa época histórica. Parte do meu programa também era viver umas semanas com outras famílias e eu também fiquei numa família na antiga Berlim Leste.

Como reagiram à queda do muro?
Estavam contentes com a abertura ao acidente, com a conquista da liberdade, mas não entendiam porque é que havia muitas coisas que vinham com esse pacote, a perda dos direitos sociais, a falta de solidariedade. Lembro-me muito da frase que me disseram ‘ninguém nos perguntou se queríamos isso’. A parte leste de Berlim era um sítio fascinante, havia casas ocupadas para fazer galerias, cafés… Parecia que estava a viver no filme ‘Good Bye Lenin’.

Quando regressou, decidiu ir para Antropologia?
Tinha gostado da disciplina no secundário e, na altura, o meu irmão mais velho namorava com uma rapariga que andava em Antropologia na FCSH e ela dava-me um feedback positivo do curso. Pensei, ‘se não posso seguir teatro vou para Antropologia’. Mas assim que regressei comecei logo a trabalhar noutro grupo de teatro amador.

Então não desistiu do teatro.
Não, já estava na faculdade, tinha feito o 1º ano, quando decidi fazer as audições para entrar no Conservatório, às escondidas dos meus pais. Numa de ‘se não entrar, também não preciso de partilhar, se entrar, logo decido o que faço’. A questão é que entrei e depois nunca era um bom momento para dizer.

Como descobriram?
Em 94, Lisboa era Capital Europeia da Cultura e eu estava a fazer uma peça no São Luiz. Uma tia minha foi ver e num jantar em nossa casa disse, ‘ fiquei tão impressionada com a menina em palco, parecia mais alta, devia seguir teatro’. E eu aproveitei ‘na verdade entrei no Conservatório e já estou a ir às aulas’. Pára tudo à mesa a olhar para mim. ‘Entraste com uma boa nota?’, perguntou o meu pai, quando disse que sim, foi buscar uma garrafa de champanhe, depois vira-se para mim e diz ‘mas nem penses em deixar a faculdade’.

Teve então de conciliar?
Sim, não foi nada fácil. Graças aos meus amigos na faculdade, que me apoiaram e me emprestaram os apontamentos, consegui fazer o curso de Antropologia. Quando terminei o Conservatório trabalhei numa companhia de teatro, depois numa livraria e finalmente, depois de criar o Teatro do Vestido decido ir fazer o Mestrado em Encenação na Escócia.

Viveu na Alemanha, na Escócia, e mais tarde ainda foi fazer um doutoramento em Inglaterra…
Uns anos mais tarde sim, e também estive 4 meses nos Estados Unidos, há dois anos.

[No Teatro do Vestido] “Falamos do 25 de abril mas não é para ficarmos presos na nostalgia da revolução. Falamos do passado para falar sempre do presente.”

Como é que essas vivências têm impacto no trabalho?
Gosto da expressão ‘ter mundo’, porque tem a ver com abertura de horizontes. As viagens é isso que nos dão. Tirei da antropologia este olhar perscrutador que está sempre comigo, a tentar interpretar a realidade. Vou muito a conferências no estrangeiro e o que mais adoro é estar a andar na rua. É claro que ir a museus é bom e bonito, mas gosto mais da rua, do contacto com as pessoas, as ruas interessam-me muito, talvez por isso tenha feito muito teatro ocupando espaços públicos. Não é teatro de rua, é teatro na rua.

Em 2001 fundou o Teatro do Vestido. Sentiu necessidade de fundar a sua companhia?
Acima de tudo, senti necessidade de criar o meu próprio trabalho. Tinha decidido que não ia ser freelancer, porque acredito que o teatro é muito de e sobre relações humanas. Que relações se constroem ao estar 3 meses aqui, 2 meses acolá? Também sabia que o que me interessava era sobretudo o teatro, e algum cinema.

Nunca teve dúvidas?
Quando saí da escola, trabalhei 2 anos no Teatro da Garagem como atriz e depois fiz uma pausa do teatro porque tinha tido uma experiência bastante intensa e senti que tinha de parar para pensar. Trabalhei 2 anos numa livraria. Durante esse tempo, comecei a escrever mais e com a minha amiga Susana Palmerston, colega no Conservatório. Escrevíamos muito na mesa da cozinha dela. Foi assim que surgiu a nossa primeira peça, ‘Tua’. Tinham morrido duas pessoas muito próximas de nós e juntámos estes dois lutos que estávamos a fazer e fomos construindo a peça. Depois viemos bater à porta da ZDB para estrearmos aqui a peça. Muito do nosso epicentro era aqui no Bairro Alto, as pessoas do Conservatório, a vida noturna… encontrávamos amigos que queriam juntar-se a nós para fazer a cenografia, a música, filmar… Assim, juntámos um grupo que veio a ser o Teatro do Vestido. Nem todos continuaram, mas a génese do coletivo foi muito bonita. Queríamos fazer um teatro que não tinha sido ainda escrito, tínhamos uma visão, uma ideia, e vontade de experimentar.

Ainda é assim hoje?
Muitas vezes é, passados 23 anos, ainda é muito eu estar sentada a olhar para o que eles estão a fazer e pensar ‘como é que a gente resolve esta cena’, isso nunca desapareceu.

Por que se chama Teatro do Vestido?
Foi a Carolina Vasconcelos, nossa colega no Conservatório, que sugeriu o nome. A Susana e eu achámos bem o nome porque pensávamos que o teatro nos fazia revelar mais do que nos vestia ou nos camuflava atrás das personagens.

E o processo criativo como é?
Já criámos 60 projetos, cada um é um universo particular. Normalmente, partimos de temas ou de obras não teatrais, o texto nunca está escrito à partida. Neste momento trabalhamos muito com observação, histórias de vida e memória política. Para o último espetáculo que fizemos, o ‘Historiadores’, entrevistámos uma série de historiadores, fizemos visitas a locais, mas também improvisações. Podemos ir, por exemplo, à Torre do Tombo ver um processo de um ex-preso político. Depois no ensaio posso pedir para prepararem uma apresentação sobre o que experienciaram, e inspiro-me nisso para escrever. Neste momento estou a escrever para a ESAD, nas Caldas da Rainha, onde eu dou aulas, a trabalhar a partir de um livro da antropóloga Natassja Martin, ‘Acreditar nas feras’. E também estou a preparar o ‘Esta é a minha cidade e eu quero viver nela’, um espetáculo que o Teatro do Vestido faz em várias cidades, sobre cada uma delas. Começou no Porto, depois em Lisboa, Viseu… Agora vamos fazer em Portimão. Já fizemos o trabalho de campo no verão.

Que trabalho de campo é esse?
É estar no terreno durante 1-2 semanas. O espetáculo foi concebido para ser feito em 3-4 semanas no máximo. Estamos com pessoas do local, que nos orientam numa visita, fazemos também as nossas próprias deambulações e apresentamos os percursos que descobrimos. Falamos com historiadores e antropólogos locais e depois tenho de discernir o que vou fazer.

É um coletivo que tem muita ligação às comunidades. Há interação com o público?
Sim, os nossos espetáculos são muito participados. Não, no sentido das pessoas fazerem teatro dentro dos nossos espetáculos, mas nós propiciamos uma espécie de viagem ao espectador. Muitos dos nossos espetáculos têm refeições a meio, por exemplo. O ‘Um Museu Vivo de Memórias Pequenas e Esquecidas’, que é um solo de 6 horas, tem um jantar a meio. Alguns projetos têm percursos de autocarro, por exemplo, com a ‘Viagem a Portugal’, já o levamos a Santiago do Cacém, Odemira, Alcanena. Vamos a esses sítios, ficamos lá algum tempo, conhecemos e entrevistamos pessoas, e criamos um percurso, às vezes em casas, em vários sítios, janta-se, depois vamos todos para o autocarro e para outra povoação, e para outra. Ao fim disto são horas, uma viagem, uma experiência. Poética.

Joana Craveiro no ‘aquário’ na ZDB, com Amélia, a cadelinha que ‘supervisionou’ a produção fotográfica

Nós acreditamos que criamos comunidades efémeras com os nossos espectadores que vão ver esses trabalhos, em que nós devolvemos à comunidade a sua história.”

Não é o teatro convencional em que nos sentamos 1h30?
Também fizemos espetáculos para salas, tivemos, por exemplo, um espetáculo na Sala Garrett do Teatro Nacional D. Maria II, o ‘Juventude Inquieta’.

E também há esta envolvência com o público?
Sim, claro, esta ideia de envolver, do espaço transbordar para além do palco e depois a questão das histórias das pessoas, tem muito a ver com a comunidade. Aliás, comunidade é uma das palavras-chave do Teatro do Vestido. Nós acreditamos que criamos comunidades efémeras com os nossos espectadores que vão ver esses trabalhos, em que nós devolvemos à comunidade a sua história.
Em Viseu fizemos um espetáculo sobre as pessoas que retornaram das ex-colónias portuguesas. A partir da observação, apercebi-me que era uma cidade onde havia muitos retornados, então fizemos um espetáculo chamado ‘Retornos, Exílios e Alguns que Ficaram’. Estive uma semana a fazer entrevistas de manhã à noite a várias pessoas, e com isso construí um mosaico de histórias que apresentámos numa antiga prisão onde tinham ficado realojadas, provisoriamente, algumas dessas pessoas que retornaram das ex-colónias.

Essa comunidade veio assistir e foi super importante para ela. Ao mesmo tempo fizemos outro espetáculo, o ‘Filhos do Retorno’, sobre os filhos das pessoas que retornaram. Fomos ao tutano das coisas que são passadas das famílias, os racismos estruturais, as visões mitificadas de África, e pusemos aquilo tudo em cena. Foi um espetáculo muito interessante, muito profundo também.

Por que escolhe locais pouco convencionais para representar?
Tem a ver com a ausência de espaço. Qualquer pessoa que faz teatro, o primeiro problema com que se depara é onde vai apresentar os trabalhos. Quando nós começámos a trabalhar, em 2001, viemos bater à porta da ZDB. Não sei se alguém já tinha feito teatro aqui antes disso, mas eu sempre gostei de lugares não convencionais. Sou muito cinematográfica, penso muito em termos de imagem também, e o espaço dá-me ideias para histórias.
Estivemos depois na Casa Conveniente, da Mónica Calle, na Fábrica da Pólvora de Barcarena, que tinha um espaço de residências, em Vila Velha de Ródão, no Centa. O espetáculo ‘Exaustos’ foi ensaiado num parque de estacionamento da Pontinha e estreamos num sótão de um prédio no Chiado (3andar no Chiado, era como se chamava), que já não existe, frente à antiga sede da Pide, que estava praticamente em ruínas, ainda não era condomínio de luxo. Fizemos também um espetáculo sobre camionistas, ‘Viajantes Solitários’, no atrelado de um camião, com o público lá dentro.

O público é sempre pequeno para dar essa sensação de proximidade?
Às vezes, sim. Por exemplo, fizemos um espetáculo, no Hospital Júlio de Matos, para 6 pessoas, eram as que cabiam no corredor que queria usar. Também estivemos num hotel no Rossio, eu e o Miguel Bonneville, num outro projecto. O quarto dele recebia 1 espectador. O meu recebia 5.

Ainda não têm espaço próprio?
Ainda não, gostávamos de ter mas a prioridade é encontrar um espaço para o nosso arquivo. Temos um protocolo com a Câmara Municipal de Lisboa que não está a ser cumprido há 7 anos. O nosso arquivo é de memória política, porque muitas das pessoas que entrevistámos confiaram-nos os seus espólios, cartas, livros, documentos, jornais… É um arquivo que nos permite contar histórias de cada uma daquelas pessoas, mas também temos coisas adquiridas para espetáculos. Temos vindo a fazer instalações dos nossos arquivos para também chamar a atenção da tutela da CML que há esta questão pendente. Havia a ideia de fazer um pólo cultural em Marvila, ligado à biblioteca, que tem uma grande implantação na comunidade. O projeto arquitetónico está feito, mas o processo está parado e não sabemos porquê.

Há pouco falou no espetáculo ‘ Museu Vivo’, é baseado na sua tese de doutoramento?
Sim, é um espetáculo icónico do Teatro do Vestido que estreei há 10 anos mas que continuo a fazer porque ainda não se acabaram as razões para o fazer. É sobre a memória do século XX português: ditadura, revolução, guerra colonial. O nosso arquivo começou com esse espetáculo. Em novembro fizemos uma pequena exposição no CCB, junto com o espetáculo ‘Historiadores’. Também temos um arquivo oral muito forte – são 15 anos a recolher histórias com gravadores de qualidade – e um arquivo sonoro. Vamos ter um espaço de escuta de discos proibidos, de discos do PREC, livros, periódicos, jornais, objetos pessoais, espólios da guerra colonial. A ideia seria trabalhar com a comunidade de Marvila para organizar exposições que depois se ligassem ao presente, porque nós falamos do passado para falar sempre do presente. Isso é o nosso foco, não é para ficar na nostalgia da revolução.

Estamos a viver desligados da comunidade?
Nós somos educados no individualismo, nesta ideia do ‘salve-se quem puder’, somos muito pouco formados numa ideia de comunidade. Pratico uma corrente do Budismo há 22 anos, foi uma prática que me deu a palavra interdependência, a compreensão de que estamos todos ligados. Os movimentos ecologistas também têm essa consciência, e falam disso há muito tempo, essa ética de perceber que a minha ação está ligada e tem consequências para todos. Ao mesmo tempo, a perceção de que unindo esforços, conseguimos transformar coisas, algo que recebo da geração que fez a revolução. O individualismo vem muito da ideia que não há valores, da ressaca do chamado fim das utopias.

Virámos as costas uns aos outros?
Vejo o que acontecer agora em Gaza e na Cisjordânia, o alheamento do meio artístico faz-me pensar quão desligados nós andamos uns dos outros. Uma educação para a cidadania também passaria por uma educação para uma vivência mais desperta para a ideia de comunidade. Uma coisa que muitas vezes nos demove é pensar que a nossa ação não vai ter nenhuma repercussão. Então ficamos no nosso sofá, a sentir-nos miseráveis, porque o que vemos na televisão e no telemóvel é horrível, genocídios, guerras… Não percebemos o que podemos fazer para mudar. Eu acredito que a nossa ação no agora, e que não tem necessariamente que ser uma coisa direta, pode levar à transformação do mundo. A nossa presença em eventos, o nosso querer saber mais, mesmo pequenas ações na nossa vida quotidiana. Em relação à Palestina, é importante expressarmos o nosso apoio sempre que possível, usarmos as nossas plataformas e lugares de privilégio para falar sobre isso. Nas nossas peças há sempre uma história da Palestina que surge, há alguém que usa um keffiyeh em cena.
Felizmente também vejo que há movimentos que vêm da ideia de comunidade, como o Movimento pela Habitação, a Vida Justa, o orçamento participativo, o Jardim do Bombarda, a Fruta Feia, todas estas microcomunidades, que se juntam para fazer qualquer coisa boa.

A Joana é professora?
Sim, de encenação e também de projeto teatral do 3.º ano no ESAD, nas Caldas da Rainha. E tenho a felicidade de coordenar a Licenciatura de Teatro desde há 2 anos.

Esta nova geração é politizada?
Alguns são. É claro que ler peças, discutir temas os vai politizando. Um dos exercícios é ler o jornal Público às sextas. Analisamos o jornal, fazemos exercícios em torno das notícias, vemos filmes e documentários. Nós, professores, temos o dever de estimular os nossos alunos, de lhes dar ferramentas para entender o mundo.

Como é que podemos estar a par da atividade do Teatro do Vestido?
Podem seguir-nos nas redes sociais, subscrever a nossa newsletter, escrevendo-nos para geral@teatrodovestido.pt, para estarem a par. Ficam a pertencer à nossa comunidade e saber mais cedo dos bilhetes porque esgotam rapidamente.

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