
Os seus pensamentos começam a deslizar suavemente do plano da realidade e está prestes a fazer a transição desse estado de plenitude para um sono completo. Então, de repente, uma parte do seu corpo contrai-se e acorda bruscamente. Este cenário é-lhe familiar?
A comunidade científica acredita que quase 70% de nós já passamos por isto: a sensação de que caímos de um precipício, que nos deixa bem despertos mesmo antes de entrarmos num sono profundo. Estamos a falar da mioclonia noturna, caracterizada por contrações musculares involuntárias.
“É uma espécie de transição bruta. Acontece porque é uma espécie de período transicional no cérebro, em que passamos de estar acordados e ter controlo sobre o corpo e os seus movimentos a adormecer”, explica o Dr. W. Christopher Winter, especialista de renome em medicina do sono, ao programa “TODAY”.
Apesar de muitas pessoas relatarem sonhos que envolvem quedas, tropeções e planar no ar, o cérebro ainda não está no estágio REM (rapid eye movement), a fase do sono em que ocorrem os sonhos mais vívidos. Quer isto dizer que não se trata de um sonho, mas sim de uma imagem que o cérebro criará por estar extremamente relaxado — mas não a 100 por cento.
“As pessoas não estão a sonhar. Poderá ser quase como um reflexo. Por algum motivo, o cérebro sente que está em queda devido ao relaxamento,” afirma o Dr. Charles Bae, professor de neurologia no Centro do Sono da Universidade da Pennsylvania, nos Estados Unidos.
Embora a mioclonia noturna seja normal, é considerada um distúrbio do sono que afeta mais as pessoas sob grande stress, ou que não andam a dormir bem. Estes dois fatores podem impedir que passem pelo ciclo do sono adequadamente, causando os tais espasmos antes de adormecer.