Já todos demos por nós, ou conhecemos alguém que o faz, a olhar para o smartwatch, ou para uma aplicação do telemóvel, para perceber quantos passos já deu naquele dia. De repente, atingir a meta diária de passos passou a ser algo fundamental e sinónimo de saúde e de um corpo fit. Mas será que é mesmo assim? Numa sociedade onde um corpo são se tornou um sinal de status, o mito dos dez mil passos é real.
De facto, este mito só surgiu porque uma empresa japonesa comercializou um pedómetro chamado Manpo-kei, que se traduz em “dez mil passos por metro”. Foi a partir daqui que se estipulou que este era o número de passos necessários para um corpo em forma e saudável. Contudo, um estudo de 2021 publicado no JAMA Network Open vem desconstruir esta ideia. Ao acompanhar 2.110 adultos durante dez anos, mediu os passos dados por cada uma destas pessoas neste período de tempo e descobriu que quem dava pelo menos sete mil passos por dia, em vez de dez mil, tinha menor risco de morte prematura.
Sendo a caminhada um exercício tão benéfico para o nosso bem-estar físico e psicológico, é importante que faça parte do seu dia-a-dia, mas não tem necessariamente que ser encarada como uma obrigação em termos de números. Na verdade, um estudo recente da Universidade de Cambridge indica que são necessários apenas 11 minutos de exercício físico por dia para reduzir o risco de patologias tão graves como derrames, ataques cardíacos e até doenças cardíacas. O importante é mesmo combater o sedentarismo e fazê-lo de uma forma que lhe traga leveza e um bem-estar generalizado, em vez de alguma ansiedade para cumprir uma meta que, afinal, é fictícia.