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A psoríase é uma doença inflamatória crónica comum. Estima-se que a prevalência a nível mundial seja de 1 a 3%. Em Portugal, os dados são escassos, embora se estime uma prevalência entre 1.5 a 2% (cerca de 150.000 a 200.000 doentes). Trata-se de uma doença que está associada a comorbilidades importantes, com grande impacto na qualidade de vida dos doentes, sendo equiparada, em alguns estudos, a alguns cancros.
Existe uma relação entre a psoríase e a saúde mental. Por um lado, sabemos que o stress, ansiedade e depressão podem agravar uma psoríase previamente diagnosticada e, até mesmo, “despertar” uma psoríase num doente com predisposição para a doença. Por outro lado, doentes com psoríase já diagnosticada têm maior probabilidade de desenvolverem ansiedade e depressão. Estudos mostram que a prevalência de depressão em doentes com psoríase varia entre 9 e 28%. Também a alexitimia – a dificuldade em reconhecer e descrever emoções – foi associada à psoríase, com taxas de prevalência de até 33% (1 em cada 3 doentes). Dada a sua frequência, é importante reconhecer os problemas de saúde mental nos doentes com psoríase.
A psoríase pode atingir a pele, unhas, articulações e pode ter envolvimento sistémico, nomeadamente nas formas moderadas a graves, no qual se destaca o envolvimento cardiovascular. As lesões de pele mais típicas surgem sob a forma de placas (lesões com relevo) avermelhadas, com uma descamação esbranquiçada, e surgem frequentemente em locais como o couro cabeludo, cotovelos, joelhos e região lombar, podendo, no entanto, afetar qualquer parte do corpo. Dada a sua exposição, é compreensível que os doentes com psoríase sintam baixa autoestima, estigmatização e tenham um impacto negativo na sua envolvência familiar, laboral e social. O isolamento social resultante é, em si, um fator agravante da ansiedade e depressão, podendo levar o doente a um ciclo vicioso, no qual a ajuda médica especializada é fundamental.
Também na vertente do tratamento existe uma relação bidirecional entre a psoríase e a saúde mental: a melhoria da psoríase resulta em melhoria da saúde mental do doente; e o tratamento bem sucedido da doença mental resultará potencialmente em benefício na autoestima e bem estar do doente e na forma como o doente lida com a doença. Consequentemente, o tratamento do doente com psoríase deve ser holístico e multidisciplinar. Se por um lado a colaboração com especialidades como a reumatologia já é uma prática recorrente em doentes com artrite psoriática, por outro lado, a gestão da saúde mental do doente, nomeadamente em parceria com a psiquiatria e psicologia, deve também ser uma prioridade e preocupação.
Por fim, à semelhança de muitas outras doenças, o diagnóstico precoce da psoríase e de eventual doença mental é fundamental para um tratamento bem sucedido de ambas. Se tem psoríase, procure ajuda junto do seu dermatologista e exponha o que sente, as suas preocupações, receios e anseios. Saiba que não está sozinho e que, felizmente, hoje dispomos de tratamentos muito eficazes para a psoríase. Não tem de sofrer sozinho.
Os textos nesta secção refletem a opinião pessoal dos autores. Não representam a ACTIVA nem espelham o seu posicionamento editorial.