Sem querer parafrasear o Gato Fedorento, a mesma lógica do famoso sketch do quarteto humorístico se aplica neste caso. Imagine o seguinte diálogo. "Posso comer gelado?". Pode. "Mas engorda?". Engorda. "Mas posso comê-lo?" Pode. "E o que me acontece?". Nada.
Confusa? Que não seja assim por muito tempo. Se é verdade que comer gelado (um alimento com açúcar e alguma gordura) pode, à partida, significar uma traição à balança, tudo depende da forma como o inclui na sua dieta diária.
O segredo?
Fazer as contas às calorias
A Professora Olívia Pinho, da Faculdade de Ciências da Nutrição da Universidade do Porto, no estudo "O Gelado Como Parte De Uma Alimentação Saudável", explica como integrar o gelado nos seus hábitos diários. A investigação conclui este alimento tem um inequívoco valor nutricional, dado que 100 gramas de gelado fornecem, em termos de necessidades diárias do organismo, 10% a 15% das calorias, 5% a 10% de proteína, 7% a 17% de cálcio e 10% a 15% de vitamina B. Como tal, frisa a nutricionista, "os gelados podem ser considerados alimentos com valor nutricional e, por isso, incorporados numa dieta saudável." Dado que um adulto necessita, em média, de 2000 calorias diárias, é lhe permitido comer um gelado por dia, desde que – e daí a importância de ler a informação contida nos rótulos – o seu valor calórico ronde os 100-170 calorias (como é o caso, por exemplo, de um Solero ou de um Cornetto).
Torne-o o seu snack
do meio da tarde
Agora, o segundo ponto importante: como é que deve integrá-lo. Não como um alimento "extra", mas sim como substituto da sobremesa habitual ou mesmo daquele snack que come quando a fome aperta a meio da tarde. O estudo da Professora Olívia Pinho prova que o gelado é uma boa alternativa aos outros snacks, mais ricos em gorduras e calorias, como os chocolates e as batatas fritas, bem como a certos produtos de panificação com elevador valor calórico (falamos, por exemplo, do tradicional queque que contabiliza algo como 300 calorias!). Mas atenção: não vale é comer um gelado ao lanche e a seguir um croissant (às 170 calorias do gelado está a somar mais 350 calorias) Ou um, ou outro!
Se desconhecia estes dados, não é a única. O estudo da Unilever, "Alimentação Saudável: Atitudes e Comportamentos", que inquiriu os consumidores de gelados de alguns países europeus sobre os seus conhecimentos nutricionais, obteve revelações surpreendentes: mais de metade das pessoas afirmaram que o gelado contém 1/3 de açúcar (quando esse valor ronda os 10%), assim como 50% de açúcar (quando é de cerca de 20%). Motivo porque tantas de nós se sentem culpadas quando não são capazes de dizer ‘não’ a um gelado. Agora, já sabe: não tem de lhe dar com os pés. Só é preciso fazer duas coisas: ler os rótulos para saber dosear as calorias e usá-lo como substituto de um snack ou de uma sobremesa (nunca justapor os dois!)